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Presídio vira "condomínio" na Paraíba

Presos em Campina Grande construíram nove casas no terreno, com direito a equipamentos de musculação e televisões de plasma. Penitenciária seria ;escritório do crime; para grande operação de tráfico de drogas

postado em 06/06/2008 09:25
Uma gigantesca operação, desencadeada às 4h desta quinta (05/06), pela Polícia Federal, em ação integrada com o Ministério Público e as polícias Civil e Militar, desmantelou um grande esquema de corrupção, enraizado dentro do Presídio Regional do Serrotão, em Campina Grande. O esquema, montado para facilitar a entrada de armas e drogas no interior do presídio, contava com a conivência de agentes penitenciários e até de ex-diretores da penitenciária. Batizada de Operação Albergue, a ação policial prendeu 21 pessoas ; incluindo apenados do regime fechado, do regime aberto, um ex-diretor e um ex-diretor adjunto da unidade.

As investigações começaram em outubro de 2007. Durante a investigação, a PF constatou que presos albergados, que deveriam pernoitar e passar finais de semana no presídio, saíam das dependências do estabelecimento e passavam dias sem retornar, assinando de uma só vez os dias ausentes. A facilitação só era possível, segundo a polícia, mediante o pagamento de propina aos agentes penitenciários responsáveis pelo controle, com a conivência ou participação direta de alguns policiais militares ocupantes dos cargos de direção da unidade prisional.

Os presos também pagaram propinas para ter direito a regalias no presídio. Segundo descobriu a polícia, os albergados se beneficiavam do ;álibi; de estarem supostamente no presídio para cometer os mais diversos delitos do lado de fora. Dessa forma, permaneceriam isentos de qualquer suspeita, uma vez que, nos registros da penitenciária, constaria que estavam recolhidos no momento dos crimes.

De acordo com o promotor Osvaldo Lopes Barbosa, da 1; Vara Criminal Privativa de Crime de Droga e de Trânsito, os ;chefes da máfia; instalada na instituição penal foram autorizados a construir nove casas no local. Segundo o promotor, uma ;verdadeira mansão;, com geladeira de luxo e equipamentos de musculação, foi construída irregularmente dentro do presídio, sem que a direção da casa carcerária interferisse.

Ele disse que as edificações construídas irregularmente no interior do presídio pareciam ;propriedades particulares dos apenados;. Segundo o promotor, as casas eram edificações com sala, banheiro e cozinha.

O secretário de Cidadania e Administração Penitenciária, Pedro Adelson, admitiu saber que as casas existiam, mas alegou achar que serviam como celas.

Ex-diretores presos
Em cumprimento aos mandados judiciais, foram presos o ex-diretor do Serrotão Paulo Guilherme, exonerado do cargo após a fuga em massa ocorrida em 26 de abril, e o ex-diretor adjunto Sebastião Almeida, preso em Campina Grande, enquanto o tenente Guilherme foi detido em João Pessoa, onde estava participando de um Curso de Equitação no Esquadrão de Polícia Montada.

Dois agentes penitenciários lotados no Serrotão também foram detidos. Eles estão sendo acusados, segundo a polícia, de facilitação da ação criminosa dentro do presídio. Um do mandados de prisão foi expedido contra José Maurício Filho, o Barrinha, apontado pela polícia como o comandante do tráfico de drogas no interior do Serrotão.

Barrinha seria o cabeça do esquema e comandava a venda de entorpecentes de dentro do presídio, usando telefone celular. Condenado por tráfico de drogas, cumpre pena em regime semi-aberto no Serrotão.

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