Brasil

Mudanças da Aeronáutica após o caos

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postado em 21/07/2008 09:30
Coincidência ou não, depois que as denúncias sobre insegurança no ar pipocaram na imprensa, a Aeronáutica mudou o nome do relatório de perigo, ficha usada para descrever situações de risco, chamadas no jargão militar de incidentes, para relatório de prevenção. A assessoria de imprensa das Forças Armadas denominou a alteração como ;atualização de nomenclatura, face ser uma ferramenta exclusiva para prevenção;. No entanto, as mudanças não se limitaram ao nome da ficha. As formas de preenchimento também sofreram alterações. Antes de responsabilidade exclusiva dos controladores de tráfego aéreo, os relatórios passaram a ser manuseados apenas por oficiais supervisores ; figura criada pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) após a paralisação de 30 de março do ano passado, para ficar nas salas de controle. ;Eles não têm formação em controle, não entendem nada da área, no entanto são responsáveis por registrar os incidentes descritos;, reclama um controlador que teme se identificar. Até o acidente com o avião da Gol, em 29 de setembro de 2006, era o controlador que preenchia, assinava e catalogava o relatório de perigo, para que fosse encaminhado ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). O acesso a essas informações, agora, está muito restrito, relatam unanimemente três profissionais ouvidos pela reportagem. Da mesma forma, a notificação no Livro de Registro de Ocorrências, onde constam problemas como falhas de radares e de comunicação, foi limitada. Cópias de ofícios timbrados com o brasão do Ministério da Defesa, enviados pelo 1º Centro Integrado de Defesa e Controle do Tráfego Aéreo (Cindacta-1, em Brasília) à Seção de Investigação e Prevenção de Acidentes e Incidentes (Sipacea), braço do próprio centro, mostram relatos diários e repetidos de dificuldades técnicas no ano de 2007 inteiro. Alvos falsos, altura imprecisa da aeronave e queda de freqüência são os problemas mais comuns. Em relatório de perigo de junho do ano passado, o temor do controlador: ;Mais de oito meses após o acidente com o GLO 1907, as trocas automáticas de níveis de vôo pelo sistema ainda estão ocorrendo%u2026;, descreve, dando como exemplo quatro vôos que, naquele dia, apresentaram o defeito.

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