Brasil

Grupo madeireiro invade aldeias indígenas no Maranhão

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postado em 25/08/2008 15:55
São Paulo - Um grupo de madeireiros armados invadiu, na madrugada deste domingo (24/08), a terra Araribóia, do povo Guajajara-Tentehara, atirando contra casas de duas aldeias (Catitu e Buracão). Nenhuma pessoa ficou ferida, mas duas aldeias estão abandonadas. Os indígenas notaram a presença dos invasores e se esconderam na mata, segundo informou o Conselho Indigenista Missionário (Cimi). O ataque aconteceu algumas horas após o fim da 1ª Assembléia do Povo Guajajara, que ocorreu numa aldeia da mesma terra indígena, próxima ao município de Amarante, no Maranhão. Segundo informação dos Guajajaras, o grupo veio para buscar o motor de um caminhão madeireiro que estava abandonado próximo às aldeias. Eles teriam ouvido barulhos na estrada e, quando chegaram ao local, viram um caminhão azul, cheio de homens armados. Quando os pistoleiros notaram a presença dos guajajaras, começaram a atirar. Os indígenas fugiram para a mata. Em seguida, logo após resgatar o motor do caminhão, os invasores voltaram em direção ao município de Amarante. Ao passar pelas aldeias Catitu e Buracão, atiraram incessantemente contra as casas. Desde domingo, as duas aldeias estão abandonadas e o clima é de terror na região. O caminhão abandonado é o mesmo que provocou a invasão da aldeia Lagoa Comprida, em outubro do ano passado, quando os madeireiros mataram o Tomé Guajajara, de 60 anos. Desde então, os indígenas cobram, segundo o Cimi, da Fundação Nacional do Índio (Funai) a retirada do caminhão do local. Alertavam que a permanência do caminhão dentro da terra indígena poderia trazer novos conflitos. Nesta segunda pela manhã, Pedro Henrique, procurador da República no município de Imperatriz (MA), solicitou o envio de policiais para proteger a terra Araribóia. João Francisco, Secretário Estadual da Igualdade Racial, que esteve na terra durante a assembléia, se comprometeu a executar as ações necessárias para atender a esse pedido. Alguns participantes da assembléia acreditam que o ataque foi uma retaliação ao encontro, que mostrou a decisão dos Guajajaras de lutar para acabar com a violência e perseguição que têm sofrido nos últimos anos. Os Guajajaras são a quinta maior população indígena do Brasil, com 27 mil indígenas. Destes, 20 mil vivem no Maranhão. Em 1984, parte de suas terras foi homologada. Esta homologação, no entanto, ignorou aldeias localizadas em 62 mil hectares não titulados pelo Governo. Neste ano, a organização Justiça Global enviou um informe à Organização das Nações Unidas (ONU) denunciando a situação e solicitando apuração dos crimes cometidos contra os Guajajara. Segundo levantamento do Cimi, 10 indígenas foram assassinados neste estado em 2008.

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