Brasil

Sobrevida de pacientes com Aids quase dobrou entre 1995 e 2007

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postado em 26/11/2008 09:41
A sobrevida de quem se descobre portador do vírus HIV quase dobrou entre 1995 e 2007. O diagnóstico precoce, o acompanhamento clínico adequado e o acesso gratuito à terapia anti-retroviral (Tarv) ; medicamentos para deter o avanço da Aids, introduzidos no país a partir de 1997 ;, contribuíram para que o tempo médio de vida adicional passasse de 58 meses para 108 meses nesse período. É o que revela o Estudo de Sobrevida de Pacientes de Aids no Brasil, divulgado ontem pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, juntamente com o Boletim Epidemiológico Aids/DST 2008. O estudo de sobrevida foi realizado em 2007, abrangendo 23 cidades das regiões Sul e Sudeste do país. À época, as duas áreas concentravam 82,4% dos casos da doença. O Programa Nacional de DST/Aids do ministério acompanhou, por meio de um estudo encomendado, cerca de dois mil adultos diagnosticados entre 1998 e 1999. Sessenta por cento continuaram vivos por, no mínimo, 108 meses depois da descoberta da doença. Foi um grande avanço em relação a outra pesquisa, realizada com pacientes diagnosticados entre 1995 e 1996 e que revelou uma sobrevida de apenas 58 meses. Outra boa notícia apresentada pelo ministro foi o aumento da sobrevivência de crianças com menos de 13 anos. Em 1980, antes do acesso à terapia com os anti-retrovirais, uma criança tinha cerca de 25% de chance de estar viva após 60 meses. Os meninos e meninas diagnosticados entre 1999-2002, depois da introdução da Tarv, tinham cerca de 86% de sobrevida. Os dados fazem parte do estudo Ampliação da sobrevivência de crianças com Aids: uma resposta brasileira sustentável. Cinqüentões O ministro da Saúde também lançou a campanha Sexo não tem idade. Proteção também não, cujo público-alvo são os homens acima dos 50 anos. Nessa faixa etária, segundo o Boletim Epidemiológico, a taxa de incidência de casos de Aids em cada 100 mil habitantes pouco mais que dobrou entre 1996 e 2006. Passou de 7,5 casos por mil habitantes para 15,7. José Gomes Temporão apresentou as peças publicitárias que já estão sendo veiculadas em emissoras de TV e rádio aberta, além de internet e revistas. A campanha será utilizada pelo ministério para o Dia Mundial de Luta contra a Aids deste ano, celebrado em 1º de dezembro. No carnaval de 2009, as pessoas acima de 50 anos ainda serão o principal alvo, mas desta vez com ênfase nas mulheres. ;Sexo não tem idade e a proteção é de todos;, afirmou Temporão, lembrando que os medicamentos para disfunção erétil estabeleceram um novo estilo de vida a esse público. ;Eles fazem tricô, jogam baralho e também transam;, completou. Embora reconheça os avanços da terapia com os anti-retrovirais, a psicóloga Regina Cohen, 57 anos, diagnósticada com HIV em 1997, acredita que o Estado poderia fazer muito mais pelos doentes. Regina não conseguiu fazer uma cirurgia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para corrigir uma lipodistrofia em volta do pescoço (alterações na massa corpórea em pessoas com o HIV que estão passando pela terapia anti-retroviral altamente ativa). ;Tive de pagar do meu próprio bolso. Caso contrário, estaria com o problema até hoje.; Ela também denuncia a falta de psicólogos especializados na rede pública do DF. ;Somente dois profissionais oferecem orientações aos pacientes com HIV;, diz. Regina é casada com Gilson Gomes Souza, de 41 anos, que também é portador do HIV desde 1992. Eles se conheceram em 1999 no hospital-dia, unidade especializada no atendimento à Aids, antes do atendimento com o infectologista. Dois anos depois, voltaram a se encontrar na ONG Voluntários Candangos. Casaram-se em 2002. ;Além de seguir o tratamento correto, é preciso ter esperança para enfrentar os desafios dessa doença. Sem isso, a morte vem logo;, aconselha Gilson. Aids em números Apesar do avanço da doença entre as pessoas com mais de 50 anos, a maioria dos casos ainda está na faixa etária de 25 a 49 anos. A estimativa do Ministério da Saúde é de que existam atualmente no país 630 mil pessoas infectadas com o HIV. Os dados do Boletim Epidemiológico Aids/DST revelam ainda que, de 1980 a junho de 2008, foram registrados 506.499 casos da doença no país. Nesse periodo, 205.409 morreram por complicações da enfermidade. De 2000 e 2006, a média anual de casos foi de 35.384. Ouça podcast com o ministro José Gomes Temporão:

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