Brasil

Polícia civil indicia líder dos sem-terra no Pará

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postado em 26/04/2009 09:46
O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no sul do Pará, Charles Trocate, foi indiciado em inquérito aberto pela Polícia Civil, acusado de incitação à prática de violência antes do confronto armado na Fazenda Castanhais, do Complexo Espírito Santo, no sábado retrasado. O confronto resultou em oito feridos, durante tiroteio entre seguranças da propriedade e integrantes do MST. Ele será intimado a depor hoje e pode ser enquadrado no artigo 286 do Código Penal, que prevê pena de três a seis meses de prisão por incitação a crime. Em entrevista à TV RBA, afiliada da Rede Bandeirantes no Pará, na sexta-feira, 17, véspera do tiroteio, Trocate teria afirmado ser favorável não apenas à invasão de propriedades privadas, como acrescentando que na fazenda invadida não sobraria nem o suficiente para a produção de remédio. Ele nega. O chefe da Polícia Civil do Pará, Raimundo Benassuly, disse que o líder do MST está sendo procurado na região para receber a notificação de depoimento. ;Não importa, para a Justiça, se ele incitou à violência antes ou depois do confronto. O que importa é que ele cometeu um crime;, declarou o delegado. Benassuly acrescentou que o governo estadual ;não tolera a violência;, sobretudo num momento em que está investindo pesadamente em segurança para ;manter a paz no campo;. Trocate negou à reportagem ter convocado trabalhadores rurais para invadir terras ou fazer justiça com as próprias mãos. O que houve, segundo explicou, foi uma ;deturpação; de suas palavras na entrevista à emissora de televisão. ;O que eu disse foi que, independentemente do MST, da Fetagri ou de outros movimentos sociais, a população sem-terra vai tomar partido em favor da reforma agrária e que se a crise aumentar, como está aumentando, haverá no sul do Pará um mutirão de ocupações;. Para Trocate, ;é estranho o comportamento do delegado Benassuly;, porque o MST esteve reunido com o chefe da Casa Civil do governo estadual, Cláudio Puty, com o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Dário Texeira, e com o próprio Benassuly, ;mostrando que os fazendeiros estavam com milícias armadas em fazendas na região, ameaçando os trabalhadores;. Ele também acha ;esquisito; seu indiciamento, alegando que os seguranças da Agropecuária Santa Bárbara, que feriram oito invasores, continuam impunes. Já o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) informou ontem que está mantida ;por tempo indeterminado; a ocupação do canteiro de obras das eclusas do Rio Tocantins, ao lado da Hidrelétrica de Tucuruí.

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