Brasil

Contabilidade ingrata no Rio de Janeiro

Joana Tiso
postado em 13/11/2009 09:10
Rio de Janeiro - O Rio vive o seu inferno astral. Um mês depois de festejar a vitória olímpica, o estado sofre com os prejuízos do apagão, dos problemas de fornecimento de água e do temporal que atingiu alguns municípios na noite de quarta. Escolas fechadas, engarrafamento e sinais de trânsito com defeito foram algumas da consequências do blecaute. As perdas no comércio também foram grandes. Segundo levantamento do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes, os estabelecimentos perderam, em média, 75% do estoque de alimentos perecíveis. [SAIBAMAIS]Entre os cariocas afetados diretamente pelo apagão existe uma descrença em relação às explicações do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Para a empregada doméstica Claudia Couto, houve falha do governo. "Eles erraram, só que isso não será levado em consideração pelo povo na eleição para presidente", afirmou. Assim como tantos conterrâneos, ela enfrentou uma série de problemas para chegar ao trabalho na quarta. "O trem não apareceu. Ninguém nos avisou de nada. Tive que esperar o ônibus que passa de hora em hora e estava lotado", contou Claudia. A empresária Michele Larios, que teve o boiler (aquecedor de água) queimado com o blecaute e ficou sem água em casa, acha que "a conjunção de problemas climáticos contribuiu, mas não foi o fator principal". Segundo Michele, "faltou preparo por parte do governo". Porém, ela acha que o apagão não vai influenciar no pleito de 2010. "Os eleitores vão levar outras coisas em consideração na hora de votar", afirmou. A advogada Flavia Manhães segue o discurso. "Até o ano que vem ninguém lembra disso", garantiu. "Como li no Twitter, a credibilidade do Lobão falando sobre energia elétrica é a mesma da Carla Perez conversando de física quântica", disse Flavia, que sofreu com a falta de policiamento em Ipanema, onde jantava no momento em que o Rio ficou às escuras, e com a dificuldade para andar até o carro. "Me guiei pela luz do celular. Fiquei morrendo de medo", contou. A produtora Theodora Chevalier, que ficou presa no elevador por três horas, é mais radical. "Não acredito em nada do que o governo fala. Espero que isso influencie na eleição presidencial e que a Dilma não seja eleita nem para síndica de prédio", afirmou. Queixas O Procon do Rio não recebeu sequer uma reclamação de danos causados em equipamentos elétricos até o início da tarde de ontem. Como a orientação é para que o consumidor entre primeiro em contato com a concessionária de energia elétrica, a tendência é de que as queixas cheguem na próxima semana.

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