Brasil

Uma turma que não estuda nem trabalha

Glória Tupinambás
postado em 14/12/2009 10:42
Às 10h, eles mal acabaram de acordar; às 14h, sentam à mesa para saborear a comidinha da mamãe; no fim da tarde, estão na lan house mais próxima; e lá pelas 22h se produzem para encarar a balada sem hora para terminar. No meio dessa maratona, ainda encontram tempo para perambular por shoppings, encontrar os amigos, ficar horas falando ao celular ou de olhos grudados no videogame. Quem imagina que esses prazeres preenchem um fim de semana normal de um jovem que estuda ou trabalha de segunda a sexta-feira está muito enganado. A rotina faz parte do cotidiano de cerca de 1,2 milhão de brasileiros na faixa etária de 18 a 24 anos, cujas vidas são marcadas pela total ausência na escola e no mercado profissional. Apelidada pelos especialistas em comportamento de geração nem-nem, essa turma cresce e aparece nas pesquisas do IBGE como aquela que nem trabalha nem estuda e tampouco participa das tarefas domésticas. No Brasil, ele representa 5,9% dos jovens. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, há exemplos de garotos e garotas com esse perfil em todas as camadas sociais - dos bairros nobres aos aglomerados - e juntos eles somam 5,6% da população de 18 a 24 anos. Em extremo contraste, há outros jovens que enfrentam o dia a dia com coragem suficiente para acordar cedo, batalhar por uma vaga na universidade, bater ponto em empresas e ainda colaborar com as despesas da casa. Em todo o país, 20,5% deles suam a camisa para conciliar a rotina diária de trabalho e estudo - índice praticamente igual ao de Minas e ao da Grande BH, que têm 21,2%. Não assumir responsabilidades e passar dias na maior moleza é uma opção em que muitos jovens arriscam apostar justamente na fase mais produtiva da vida. Mas nesse grupo também há aqueles para os quais a falta de compromissos não é uma escolha. Sem oportunidades no mercado de trabalho, dinheiro para custear os estudos ou vagas em universidades públicas, alguns lutam para manter a força de vontade e não desanimar diante dos obstáculos. "A apatia juvenil deve ser analisada sem preconceitos. Quem não se propõe a fazer nada, seja trabalhar ou estudar, merece ser tratado do ponto de vista psicológico, porque, certamente, a sensação de fracasso é muito grande para ele. Muitas vezes, a família deposita expectativa nos adolescentes e eles têm dificuldade de corresponder. Noutros casos, os pais não conseguem fazer cobranças na medida certa ou impor limites aos filhos", diz o psicólogo Bernardo Monteiro de Castro, que coordenou recentemente a pesquisa Comportamentos e fatores de risco e proteção na adolescência e juventude. Leia mais na edição impressa do Correio Braziliense

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