Brasil

Luta contra o peso pesado

Pesquisa mostra que, em três décadas, o índice de homens e de mulheres com quilinhos a mais subiu perigosamente. Ministro Temporão diz que situação é de "alerta vermelho"

postado em 28/08/2010 07:00
Pesquisa mostra que, em três décadas, o índice de homens e de mulheres com quilinhos a mais subiu perigosamente. Ministro Temporão diz que situação é de Uma alimentação saudável, equilibrada em seis refeições diárias, aliada a exercícios físicos. Definitivamente, o brasileiro não vem seguindo a receita da conquista da saúde e do peso ideal. Com bom humor, o funcionário público Anísio Pinheiro Neto, 47 anos, confessa: ;Eu não resisto a uma carne com gordura, seguida de um belo doce de leite;. Junto a isso, ainda tem o trabalho burocrático e a falta de tempo, que ; alega ; o impede de se exercitar. Apesar da postura bem-humorada, pesquisa revelada ontem mostra dados preocupantes: o excesso de peso, presente em Neto, por exemplo, já é constatado na metade (50,1%) dos homens acima de 20 anos no Brasil. A estimativa é de que, em 10 anos, o sobrepeso ; que vem em alta desde a década de 70 ; pode chegar a dois terços da população adulta do país nos próximos 10 anos. Em 34 anos, o excesso de peso aumentou em quase três vezes no sexo masculino (de 18,5% para 50,1%). Mas eles não estão sozinhos com seus quilinhos a mais. No mesmo período, o sobrepeso aumentou em quase duas vezes no sexo feminino, subindo de 28,7% para 48,0%. A obesidade, por sua vez, é mais alta entre as mulheres ; 16,9%, contra 12,4% entre homens. Os dados foram revelados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008/2009 ; Antropometria e estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil. No estudo, foram tiradas medidas de mais de 188 mil pessoas, entre maio de 2008 e maio de 2009. Depois que a pesquisa foi divulgada, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou que a situação era de ;alerta vermelho;, atribuindo a estatística à mudança de hábitos alimentares do brasileiro, como o costume de comer fora de casa. A taquígrafa Rejane de Fátima Santana, 52 anos, faz parte do time daqueles que trabalham oito horas e não voltam em casa para almoçar, por exemplo. E reclama, muito, da dificuldade em encontrar refeições saudáveis na rua. ;Desde que comecei a morar sozinha, minha saciedade mudou. Eu tenho que me esforçar para comer com calma, às vezes como até no carro, indo de um lugar para o outro. Para piorar, na maioria das vezes, tenho que pedir comida por telefone no trabalho, e as opções realmente saudáveis são mínimas;, diz. Para perder os 30 quilos que deseja, Rejane entrou para um grupo de emagrecimento e começou a fazer caminhadas.
Confira videorreportagem sobre pesquisa do IBGE que aponta o aumento da obesidade na população brasileira
O nutricionista Leonardo Rocha de Moura lembra um dado importante, para que os pais fiquem atentos: ;No momento da concepção, se o homem ou a mulher estiver com excesso de peso, a chance de o filho desenvolver obesidade é de 50%. Já se um dos dois estiver obeso, a chance sobe para 90%;. Moura enfatiza que a genética é o primeiro fator a ser considerado na avaliação das medidas do filho. Outros, no entanto, também são preponderantes para a saúde e o equilíbrio: ;Se o pai não reeducar sua própria alimentação, não pode exigir algo diferente para o filho. Os mais velhos são um espelho;, orienta. O analista da pesquisa do IBGE André Martins ressalta a importância de as políticas públicas cumprirem seu papel. ;É preciso, cada vez mais, orientar em relação à escolha dos alimentos e à atividade física;, disse. Martins lembrou que o excesso de peso aumentou em todas as faixas etárias da pesquisa, de 1974 a 2009. Ao lado de um dado muito negativo, a pesquisa revelou um outro positivo: a diminuição da desnutrição infantil. Ela caiu de 29,3%, em 1974, para 7,2%, em 2009. Rejane Santana quer perder 30 quilos, mas reconhece que falta tempo para se alimentar adequadamente

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