Brasil

Mortalidade por Aids no Brasil cai 38,9% em 11 anos, aponta Unaids

Ainda assim, no mesmo período a população brasileira infectada pelo HIV saltou de um mínimo de 430 mil pessoas para 530 mil, alta de 23,3%. No mundo todo, foi a primeira vez que a ONU registrou queda na quantidade de novos casos da doença

Estado de Minas
postado em 23/09/2013 15:38
O número de mortes causadas pela aids no Brasil caiu 38,9% entre 2001 e 2012, aponta relatório da Unaids - agência da ONU de combate à doença - divulgado nesta segunda-feira (23/9). Ainda assim, no mesmo período a população brasileira infectada pelo HIV saltou de um mínimo de 430 mil pessoas para 530 mil, alta de 23,3%.

Para infectologistas, os dados indicam que o Brasil pode comemorar que os portadores do HIV têm vivido mais tempo graças ao maior acesso aos medicamentos - em 2012, foram no mínimo 11 mil mortes, ante 18 mil em 2001 -, mas o País ainda falha muito nas ações de prevenção.

;Os portadores do HIV hoje vivem mais e melhor, é fato. Graças ao acesso aos medicamentos e ao diagnóstico precoce, que reduzem o porcentual de mortalidade. Mas isso não significa que esteja perfeito. Precisamos fazer muito mais;, disse Juvêncio Furtado, diretor do Departamento de Infectologia do Hospital Heliópolis e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

Os dados da Unaids mostram que a queda estimada da mortalidade causada pela aids no Brasil está acima da média global. Segundo o estudo, as mortes registradas no mundo caíram 15,7%, de 1,9 milhão de pessoas em 2001 para 1,6 milhão no ano passado. Na Nigéria e na África do Sul, morrem 240 mil pessoas por ano.

Por outro lado, o aumento do número de infectados mundialmente é inferior ao do Brasil: 17,6%. Ao todo, estima-se que 35,3 milhões de pessoas vivam no mundo com o vírus, ante 30 milhões em 2001. Na África do Sul são 6,1 milhões de pessoas.

Dados mundiais
O Unaids informou também que, no ano passado, em comparação com 2001, houve redução de 52% na quantidade de novos casos de infecções pelo vírus HIV entre crianças e de 33% entre crianças e adultos, no mundo todo. Em 2012, foram 2,3 milhões de novas pessoas infectadas, entre as quais aproximadamente 260 mil crianças. Foi a primeira vez que o órgão das Nações Unidas (ONU) registrou queda na quantidade de novos casos da doença.



De acordo com o Unaids, a epidemia de aids foi globalmente interrompida e revertida, o que aproxima o mundo do cumprimento do Objetivo de Desenvolvimento do Milênio número 6 (ODM-6), sobre o combate à aids. Segundo o programa da ONU, no entanto, a corrida pelo acesso universal ao tratamento do HIV não foi concluída. A meta é atingir 15 milhões de pessoas.

"Não podemos só cumprir a meta de 2015 de 15 milhões de pessoas com acesso ao tratamento, mas também devemos ir além e ter a visão e o compromisso para garantir que ninguém seja deixado para trás ", disse o diretor executivo do Unaids, Michel Sidibé. Segundo o programa, as mortes relacionadas à doença também tiveram queda de 30%, devido à expansão do acesso ao tratamento com antirretrovirais. Estima-se que aproximadamente 9,7 milhões de pessoas em países de baixa e média renda tiveram acesso ao tratamento contra a aids em 2012, aumento de 20% em relação ao ano anterior. O estudo pode ser consultado em inglês no site da Unaids.

Ponderação
Para o professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Mario Scheffer, os dados da ONU relativos ao Brasil devem ser ponderados. ;A gente tem trabalhado com uma estabilização da mortalidade, mas num patamar muito elevado, na casa dos 12 mil;, disse, citando dados do governo federal.

;Desperdiçamos a oportunidade de evitar mais mortes. O problema é que estamos lidando com a epidemia em grupos que hoje não são alcançados pelas políticas públicas tradicionais de prevenção e tratamento, como profissionais do sexo e usuários de droga;, disse.

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