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UPA de Juiz de Fora é interditada após suspeita de ebola

Paciente chegou da África na última terça-feira com sintomas da doença e só deu entrada na unidade neste sábado. Quando era levado para o isolamento, fugiu do local

João Henrique do Vale/Estado de Minas
postado em 25/04/2015 17:17
O atendimento da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Norte de Juiz de Fora está suspenso temporariamente neste sábado (25/4) por causa da suspeita de ebola em um paciente que deu entrada no local. O homem, que seria da cidade e trabalha na África, fugiu depois de receber os cuidados médicos e é procurado. Familiares dele estão dentro do imóvel aguardando a chegada da vigilância sanitária.

Um funcionário da UPA, que não quis se identificar, confirmou que o homem deu entrada no local com sintomas da doença. "Ele chegou de viagem da África na última terça-feira passando mal. Ele buscou atendimento somente neste sábado com sintomas, aparentemente, de malária. Trouxe até exames feitos no país para cá", explicou.

Os médicos fizeram uma avaliação no paciente e resolveram levá-lo para o isolamento. "Quando já estava indo para o local isolado, conseguiu fugir. Estamos aguardando a captura dele", comentou o funcionário.

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A unidade está fechada para atendimento desde o início da tarde e ainda sem previsão de reabertura. Funcionários afirmam que esperam a chegada da vigilância sanitária do município para saber quais procedimentos tomarem.

O Corpo de Bombeiros foi acionado para fazer o resgate do homem em uma praça da cidade. O local foi isolado pelos militares, mas a suspeita não foi confirmada. O paciente ainda segue desaparecido.

A Secretaria Estadual de Saúde que informou que ainda não foi comunicada sobre o caso. Porém, está apurando a situação e deve se pronunciar ainda hoje.

Outras suspeitas no estado


Outros casos suspeitos da doença já foram registrados em Minas Gerais, mas nenhum confirmado. Em outubro do ano passado, um paciente deu entrada no Hospital São Sebastião, em Viçosa, também na Zona da Mata, com sintomas da doença. Ele chegou a ficar isolado por quatro horas. No entanto, tratava-se de um alarme falso e a suspeita foi descartada pelas secretarias de Saúde do estado e do município.

O jovem de 24 anos, que não teve o nome divulgado, participou de um congresso nos Estados Unidos. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES), durante 15 dias, ele passou pelas cidades de Nova York, Chicago e Dallas. Em um albergue, teve contato com um grupo de pessoas do Senegal, que não apresentavam indícios de doença. Ao retornar a Viçosa, no início da semana, ele apresentava febre alta, dor de garganta e erupções na pele.

Em novembro, o susto aconteceu em Belo Horizonte. Um chileno de 41 anos desembarcou no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em um voo vindo de Salvador. Ele passou mal durante a viagem e informou aos comissários de bordo a suspeita de estar com ebola. Imediatamente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi acionada e, quando a aeronave pousou, uma equipe já estava a postos para entrar no avião. A doença foi logo descartada. O que era ebola se transformou numa simples diarreia.

O vírus


O vírus ebola foi identificado pela primeira vez em 1976, no Zaire (atual República Democrática do Congo), e, desde então, tem produzido vários surtos no continente africano. Esse vírus foi transmitido para seres humanos que tiveram contato com sangue, órgãos ou fluidos corporais de animais infectados, como chimpanzés, gorilas, morcegos-gigantes, antílopes e porcos-espinhos. Em seres humanos o período de incubação pode variar de dois a 21 dias. Há cinco espécies de vírus, sendo o Zaire ebolavirus o que apresenta a maior letalidade, geralmente acima de 60% dos casos diagnosticados.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o recente surto do vírus é o maior desde que a doença apareceu pela primeira vez.

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