Brasil

"'O mais eficaz é pegar corrupto pelo bolso", diz novo chefe da PF em SP

Disney Rosseti tem missão desafiadora no comando de uma das mais importantes unidades da corporação no país

Agência Estado
postado em 05/10/2015 11:17
O delegado de Polícia Federal Disney Rosseti, novo superintendente regional da PF em São Paulo, avalia que a arma mais eficaz contra fraudadores de recursos públicos é o confisco de seus bens. "É pegar o corrupto no bolso", diz Rosseti. "É minar essas organizações criminosas na sua capacidade de corromper, na sua mobilidade, na sua capacidade de realimentar o crime."



Rosseti acaba de trocar a famosa Piazza Navona, em Roma - onde trabalhou os últimos dois anos como adido policial federal na Itália - pelo bairro da Lapa, na zona Oeste de São Paulo, endereço da sede regional da PF. Preocupa-o nessa quadra de sua carreira o flagelo da corrupção. "A questão moral", ele diz. "A corrupção não pode ser a regra. Temos que ter como regra uma atividade pautada pela lei, pelos princípios da legalidade, princípios administrativos. Talvez seja o grande resgate que temos que fazer."

Sua nova missão é desafiadora, no comando de uma das mais importantes unidades da corporação no país. A PF em São Paulo concentra o maior efetivo e é base de emblemáticas operações contra o colarinho branco, crime organizado, delitos financeiros, contrabando, narcotráfico e crimes ambientais. Metódico, Rosseti exibe um currículo com passagens por setores estratégicos da instituição. Antes de Roma ele foi superintendente da PF em Brasília e diretor da Academia Nacional de Polícia, a famosa escola da PF.

Ex-delegado da Polícia Civil de Minas, Rosseti ingressou na PF em janeiro de 1999, lotado inicialmente na Superintendência no Mato Grosso, onde chefiou o Núcleo de Combate ao Crime Organizado. Depois, trabalhou na Divisão de Operações de Inteligência Policial e na Divisão de Contra-Inteligência Policial da Diretoria de Inteligência, em Brasília. Filho de policial, Disney Rosseti é instrutor da disciplina de operações de inteligência, nos cursos de formação da Academia e da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência).



À reportagem, Rosseti falou de suas prioridades. Defendeu algemas como regra para qualquer preso, use ele colarinho branco ou não. Inquéritos sobre políticos com foro privilegiado, em sua avaliação, devem ficar a cargo da PF. E avisa às organizações mais poderosas do crime: a delação premiada, usada em larga escala na Operação Lava Jato, ;veio para ficar; - inquéritos oriundos da investigação sobre corrupção na Petrobrás, mas que tratam de malfeitos em outras áreas de governo, deverão migrar para a PF em São Paulo. Rosseti afirma que dará prioridade a essas investigações.

Questionado se a prisão ainda é a solução para a corrupção, Rossetti afirma que: "Não deixa de ser, mas talvez o mais eficaz seja realmente minar essas organizações e o corrupto no bolso, pegar o corrupto no bolso, na sua capacidade de corromper, na sua mobilidade, na sua capacidade de realimentar o crime. Esse, talvez, seja um dos caminhos mais interessantes a se percorrer nessas investigações contra a corrupção".

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