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Tragédia em Mariana: diretores da Samarco serão indiciados por homicídio

Polícia Civil ainda vai definir se o crime será enquadrado como doloso ou culposo

Agência Estado
postado em 05/02/2016 17:48

Polícia Civil ainda vai definir se o crime será enquadrado como doloso ou culposo

O delegado da Polícia Civil Rodrigo Bustamante, responsável pelo inquérito que apura o desastre causado pela barragem da Samarco, irá indiciar diretores da mineradora pelos 19 homicídios causados pelo estouro da represa de Fundão ; os nomes dos funcionários não foram divulgados. A modalidade do crime ainda será definida pelo investigador: doloso (quando há intenção do resultado) dolo eventual (quando não há a intenção, mas assume-se o risco) ou culposo (sem intenção). Já a mineradora deverá responder por crime ambiental.

Bustamante quer saber se os diretores tinham conhecimento de que a barragem, de onde vazaram 32,5 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro, corria o risco de se romper. Por isso, ontem, ele e mais 16 policiais apreenderam, com autorização judicial, arquivos de computadores na sede da mineradora, em Belo Horizonte, e na unidade em Mariana.

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Os focos são o conteúdo das trocas de emails entre os suspeitos e canais internos de comunicação. ;Após três meses de investigação, verificamos a necessidade de algumas medidas cautelares e conseguimos a quebra de sigilo da informática e telemática. Vários arquivos foram baixados. Cópias de emails serão analisadas;, disse Bustamante.

A Civil e outros órgãos que investigam o caso ; Polícia Federal, Ministério Público de Minas Gerais e Ministério Público Federal ; já apuraram que o piezômetro, equipamento que mede o nível do volume de rejeitos da barragem, não estava funcionando no dia do desastre. ;A última leitura do aparelho foi em 26 de outubro (10 dias antes da barragem se romper;, disse o delegado.

O prazo para a conclusão do inquérito é 15 de fevereiro, mas o delegado poderá pedir à Justiça a prorrogação da data, como já ocorreu duas vezes. O inquérito contém aproximadamente 1,5 mil páginas. Mais de 80 pessoas foram ouvidas, entre elas o ex-presidente da mineradora, Ricardo Vescovi, que pediu licença do cargo.

Crime continuado

Como ainda há lama correndo para o leito dos rios Gualacho do Norte, Carmo e Doce, a Civil apura a tese de crime continuado. O escorrimento desses rejeitos, contudo, já era esperado por especialistas e pela própria polícia, uma vez que a chuva leva os rejeitos que ficaram às margens dos leitos para dentro dos rios.

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