Brasil

Testes da vacina contra zika começam no fim do ano

Cronograma divulgado pelo Instituto Evandro Chagas prevê aplicação em animais em novembro. Em voluntários humanos, a ideia é aplicar em fevereiro de 2017

postado em 21/05/2016 06:00



Testes da vacina contra zika em desenvolvimento pelo Instituto Evandro Chagas e pela Universidade Medical Branch, dos Estados Unidos, devem começar a ser feitos em animais a partir de novembro. ;Conseguimos acelerar o cronograma em alguns meses, em parte por causa dos ganhos na tecnologia, em parte por sorte;, afirmou o diretor do Instituto Evandro Chagas, Pedro Vasconcelos.

A previsão inicial era de que essa etapa fosse concluída somente em fevereiro de 2017. Se não houver problemas ao longo do caminho, avaliou, em fevereiro já será possível iniciar os testes da vacina em voluntários humanos. Os estudos em voluntários seriam feitos no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Amapá ; estados que não registram até o momento a circulação do zika.

A vacina em desenvolvimento em parceria com a Universidade Medical Branch é feita a partir de partículas do vírus atenuado. A meta é fazer mutações no genoma do vírus para que ele perca a capacidade de produzir a doença, mas, ao mesmo tempo, seja reconhecido pelo organismo para que anticorpos sejam gerados.

Vasconcelos integra o Comitê de Emergência para Zika e Microcefalia da Organização Mundial da Saúde (OMS). Na próxima reunião do grupo, programada para os dias 6 e 7, o diretor do Instituto Evandro Chagas vai apresentar uma proposta para que prazos de realização de testes das vacinas de zika sejam encurtados. ;Vivemos numa situação especial. Já houve o precedente do ebola. Podemos ser mais rápidos sem abrir mão da segurança;, afirmou Vasconcelos.

Depois de testes em animais (primatas e camundongos), análises são feitas sobre efeitos da vacina em humanos. Na primeira fase, é avaliada a segurança do produto. Geralmente, é feita em cerca de 300 voluntários, todos saudáveis, que residam em regiões sem a circulação do vírus. Essa etapa costuma levar cerca de um ano. Vasconcelos vai sugerir que o prazo seja reduzido para um período que varie entre três e seis meses.

Na fase dois, o objetivo é avaliar a capacidade de a vacina produzir a imunidade no organismo. Nesta etapa, o teste é feito geralmente em cerca de 2 mil pessoas. Os efeitos são avaliados por um período de até dois anos. Vasconcelos vai sugerir que a análise seja feita em um prazo que varie entre seis meses e um ano. ;Se o imunizante se mostrar capaz de neutralizar a ação do vírus selvagem por esse período, há grandes chances de que isso valha para um prazo mais longo;, completou o diretor do Evandro Chagas

Público-alvo

Na terceira fase, em que se analisa a eficácia da vacina, são testadas cerca de 30 mil pessoas. O tempo desta etapa, afirmou, também pode ser reduzido de forma significativa. ;Se conseguirmos sensibilizar a OMS, acredito que a vacina poderá estar disponível num prazo de cinco anos;, disse. ;Se há alguns anos fizéssemos uma proposta como essa, seríamos criticados. Mas, com tecnologia atual, é possível cumprir esse prazo, com segurança.;

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