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Enfermeira que ajudou na Boate Kiss ajuda parentes de vítimas de tragédia

Patrícia Bueno conta ao Correio como ela e sua equipe voltuntária ajudam os parentes das vítimas do voo da Chapecoense a controlar a dor

Marcos Paulo Lima
Marcos Paulo Lima
postado em 02/12/2016 14:06
Chapecó (RS) - Quatro anos depois de prestar socorro aos familiares das vítimas da boate Kiss, em Santa Maria (RS), a enfermeira e coordenadora da política de saúde mental da prefeitura da cidade gaúcha, Patrícia Bueno, está novamente em ação com uma equipe de 20 profissionais para minimizar a dor causada por outra tragédia. Nos vestiários da Arena Condá, improvisados para acolher os parentes dos passageiros do acidente com a avião da Chapecoense, em Medellín, Patrícia Bueno caminha incansavelmente com o olhar fixo em um cenário comovente.

[SAIBAMAIS]Mães, pais, irmãos, viúvas e crianças choram. Em alguns momentos, é possível ouvir gritos. Desespero. É quando Patrícia Bueno e sua equipe de 20 enfermeiras voluntárias vindas de Santa Maria (RS) correm para tentar restabelecer a calma. "É uma dor intersa, bem semelhante ao que aconteceu na tragédia da boate Kiss, em Santa Maria. Foi inesperado. Envolveu muitas pessoas jovens e com mortes em grande quantidade", comenta a enfermeira.

Patrícia Bueno chegou na noite de quinta-feira a Chapecó e ficou surpresa com a organização da Chapecoense. "Em Santa Maria, trabalhamos em meio ao caos, sem protocolos. Aqui, o clube conseguiu se organizar em tão pouco tempo", elogia.

A profissional ficou comovida com a solidariedade do povo na cidade do oeste catarinense. "Isso acontece porque as pessoas começam a pensar na vida, a serem racionais. Na vida que elas levar, corrida, sem dar muita bola para quem trabalha com elas, para a família, para os pais, para os filhos. A vida que nós levamos hoje é assim, sem tempo para nada, mas, de repente, tudo pode acabar. As pessoas se mostram mais solidárias porque percebem que a vida é frágil, passam a refletir sobre isso", diz Patrícia Bueno.

O ambiente de luto das famílias, da cidade de Chapecó, segunddo ela, não tem prazo de validade. "Depende de pessoa para pessoa. Pode durar muito ou pouco. Em Santa Maria, até hoje, temos muitas pessoas de luto e outras que se solidarizam com elas. O que essas famílias de Chapecó precisam é de solidariedade, de um abraço, de um sorriso, de empatia", recomenda.

Patrícia Buena conta como age junto aos familiares. "Não somos familiares deles, eles não nos verão assim. Precisamos oferecer um abraço, um acolhimento, deixar chorar. Eles vão sofrer nesse momento, é assim. Chorar é bom nessas horas. Precisamos dar espaço.
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