Brasil

Corpos de jogadores e da comissão técnica da Chapecoense são velados

Torcedores acompanharam a cerimônia debaixo de forte chuva. Aos gritos de "o campeão voltou", os 50 caixões entraram no gramado

Marcos Paulo Lima - Enviado especial
postado em 03/12/2016 14:27

Torcedores acompanharam a cerimônia debaixo de forte chuva. Aos gritos de

Chapecó (SC) ; A espera de quatro dias pelos corpos das vítimas da tragédia de Medellín estava chegando ao fim. Depois de um silêncio de pouco mais de uma hora, de olhos fixos no telão acompanhando o cortejo de 10km do aeroporto até a Arena Condá, os torcedores, que não arrastavam os pés da chuva, puderam finalmente rever seus ídolos da forma mais dura, em um gramado encharcado pela chuva, pelas lágrimas, sem clima nem condição de jogo.

Aos gritos de "o campeão voltou", os 50 caixões foram entrando no gramado. Na sequência, aplausos ao som da marcha fúnebre e de hinos religiosos do cantor e da harpa cristã, como "Mais perto de Ti". Nas arquibancadas, homens, mulheres e crianças com mãos entrelaçadas, olhares paralisados. Incredulidade de quem viu o time em campo pela última vez nas semifinais, contra o San Lorenzo, nas semifinais da Copa Sul-Americana, e esperava revê-lo no estádio na festa do título, na próxima quinta-feira, no dia seguinte à finalíssima no Couto Pereira, em Curitiba, contra o Atlético Nacional, da Colômbia. Com capacidade para 19 mil pessoas, a Arena Condá não tinha capacidade para receber a decisão continental.

Depois da acomodação dos 50 caixões no gramado, a banda de música da Polícia Militar de Chapecó executou o Hino Nacional. Os torcedores não tinham forças para cantar. Apenas aplaudiram no fim. A música oficial da Chapecoense também foi entoado com palmas.

Torcedores acompanharam a cerimônia debaixo de forte chuva. Aos gritos de

Presidente em exercício da Chapecoense depois da morte de Sandro Pallaoro no acidente aéreo, Ivan Tozzo. Falou em nome do clube. "Eles combateram o bom combate. A partida repentina desses talentos é irreparável. Que os nossos pequeninos não percam a esperança. Nossa amada Chape, mais do que nunca, precisa de vocês". O dirigente foi interrompido por aplausos quando agradeceu o zelo da Colômbia com as vítimas. "A alegria e a simplicidade superam tudo. O sonho não acabou. Ele renascerá com a força de todos vocês. Provamos que para um sonho, não há tamanho", encerrou.

Vestido com a camisa do Atlético Nacional, o prefeito de Chapecó, Luciano Buligon, agradeceu aos colombianos e homenageou os médicos. "Obrigado, Colômbia, vocês sempre vão estar em nossos corações". E citou uma homenagem feita pelo clube. "A Chapecoense veio a Medellín com um sonho e volta como uma lenda. Lendas não morrem", emocionou-se.

Em dos momentos mais emocionantes, crianças, o futuro da Chapecoense, entraram com as bandeiras do Brasil, da Colômbia, de Santa Catarina, de Chapecó e da Chapecoense. Carlinhos, a mascote vestida de Índio Condá, acompanhado da família, fez chover lágrimas na Arena Condá. Funcionários do clube entraram com balões brancos.

O Papa Francisco enviou uma mensagem. "Consternado pela trágica notícia do acidente aéreo na Colômbia, que causou numerosas vítimas do Brasil, o Papa Francisco pede que seja transmitida suas condolências e sua participação na dor de todos os enlutados. Ao mesmo tempo que encomenda Deus, pai da misericórdia, o Santo Padre pede ao céu conforto e restabelecimento pelos sobreviventes, coragem e a consolação da esperança cristã a todos os atingidos pela tragédia. E envia a todos que estão em sofrimento uma propiciadora bênção apostólica".

No último ato da cerimônia, os nomes das vítimas das tragédia foram exibidos no telão da Arena Condá. Ídolos do clube, Danilo, Bruno Rangel e Cleber Santana foram ovacionados, assim como o técnico Caio Júnior, que foi velado no Paraná. Jornalistas, comissão técnica, dirigentes, como o presidente Sandro Pallaoro, e convidados também foram lembrados nominalmente e aplaudidos.

Presente no estádio, o presidente da República, Michel Temer, não discursou. Os governador de Santa Catarina também não, assim como os mandatários da Fifa, da CBF e da Conmebol. O técnico da Seleção Brasileira, Tite, acompanhou a cerimônia na Arena Condá.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação