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Homem é preso por suspeita de abuso sexual de crianças em São Paulo

O inquérito policial tramita em segredo e está no Fórum Criminal da Barra Funda com pedido de prorrogação de prazo para as investigações

Agência Estado
postado em 04/04/2017 08:31
A Polícia Civil investiga o administrador Walter Tadeu Soares de Camargo, de 61 anos, por suspeita de abuso sexual contra pelo menos oito crianças, entre 6 e 13 anos, e por guardar material pornográfico infantil. Ele está preso desde o dia 9 de março e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça A investigação começou graças a um dos filhos do suspeito, que denunciou o pai na 2; Delegacia de Defesa da Mulher.

Antes de ser preso, Camargo era administrador do tradicional Edifício Martinelli, função que exerceu por cerca de 10 anos. O suspeito também era sócio do Ipê Clube, no Ibirapuera, na zona sul, onde dava aulas de basquete e tênis de mesa para crianças. Não há nas investigações registros de abusos praticados no local de trabalho e a polícia vai apurar se o suspeito praticou assédio no clube.

O inquérito policial tramita em segredo e está no Fórum Criminal da Barra Funda com pedido de prorrogação de prazo para as investigações.

Procuradas pela reportagem, a delegada Jaqueline Valadares da Silva e a promotora Margareth França, responsáveis pelo caso, não quiseram dar entrevista. A reportagem apurou que o filho de Camargo, de 29 anos, começou a desconfiar do pai quando presenciou crianças e adolescentes frequentando o apartamento onde moram juntos, na Vila Clementino, bairro de classe média alta na zona sul. Depois de ver o pai algumas vezes acompanhado por menores, o rapaz decidiu fazer denúncia à polícia.

Com o teor das informações, a Justiça determinou busca e apreensão no apartamento. Foram localizados vários produtos eróticos. No celular de Camargo, os investigadores acharam fotos de crianças nuas em poses sensuais. Em uma delas, a imagem de Camargo, nu, aparece no reflexo do espelho tirando uma foto de uma criança sem roupa. A partir das fotos, a polícia identificou oito crianças. Seis já prestaram depoimentos acompanhadas pelos pais.

Ao ouvir os relatos, a investigação descobriu que as crianças abusadas são de uma comunidade carente localizada em Guarulhos, na Grande São Paulo. Camargo tem um amigo que mora no local e usava a amizade como desculpa para se aproximar das vítimas. O amigo não tem relação com os crimes.

A reportagem apurou que o suspeito fazia "amizade" apenas com os meninos dando-lhes presentes caros, como videogames de última geração e outros brinquedos. Depois que conquistava a confiança da família, ele levava as crianças para a casa dele e também em viagens para o Rio de Janeiro e para a casa de praia da família, em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Os policiais apuraram que o suspeito tirava fotos pornográficas das crianças e depois as masturbava.

Sócias do Ipê Clube, que preferiram não se identificar, disseram à reportagem que viram Camargo por várias vezes acompanhado de crianças e jovens no clube. Também há relatos de que alguns meninos reclamaram para os pais que o professor costumava beijar os alunos no rosto deixando a saliva. As queixas não foram formalizadas à administração.

Em nota, o Ipê Clube informou que vai responder os questionamento quando e se for solicitado.

O advogado Rogério Pasqua, que representa o Edifício Martinelli, afirmou que Camargo está afastado do cargo e, se condenado pela Justiça por causa das acusações, será demitido. "Estamos apenas cumprindo o que determinam as leis trabalhistas". Ele não quis comentar o caso, disse apenas que a notícia da prisão e as acusações "foram uma surpresa para todos".

Em nota, o advogado Renato Cestito Brandão, que defende o administrador, informou que o caso ainda está sob investigação e deve "revestir-se sob o manto da presunção da inocência e garantias constitucionais". O defensor questiona o tratamento dispensado à Camargo que, por ter curso superior, deveria estar em um presídio especial, pois há "risco iminente de morte".

O advogado também questiona a divulgação de informações sobre o caso que, segundo ele, "coloca em xeque a própria validade e isenção da investigação policial, tendo em vista a sua natureza sigilosa". A Secretaria de Administração Penitenciária não respondeu aos questionamentos da reportagem.

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