Brasil

Isabel Pullen Parente, mãe do presidente da Petrobras, morre aos 96 anos

Pioneira, Bebel, como é chamada por amigos e familiares, chegou a Brasília em 1962. Deixa 11 filhos, 45 netos e 35 bisnetos

Vicente Nunes
postado em 09/06/2017 11:41
Senhora de vestido rosa sentada em poltrona na sala de casa
Os netos de Isabel Pullen Parente sempre paravam para ouvir uma história que a avó tinha para contar. Eles se impressionavam com a capacidade com que ela conseguia transformar um tema pouco atraente em uma narrativa que os prendiam até o enredo final. Muitas vezes, todos acabavam em uma grande gargalhada. Bebel, como ela gostava de ser chamada, partiu na noite de quinta-feira, 8 de junho, aos 96 anos. Mas ficará na memória de todos, como relata a neta Renata em uma rede social. Bebel era a matriarca de uma família de 11 filhos, 45 netos e 35 bisnetos.

;Fica o conforto de saber que o sofrimento acabou. Mas fica, também, o vazio de não ter mais o colinho, de não ter histórias e sonhos para ouvir. Dizem que sempre devemos agradecer a Deus por tudo. Mesmo com tamanha dor, então, eu agradeço a Ele por ter sido neta dessa estrela que tanto brilha;, diz Renata. Ela conta que Bebel ensinou à família o respeito ao próximo. ;Acolheu todos os netos nos mais variados problemas. Deu aula de sabedoria aos filhos. A casa dela era o ponto de referencia da família. Sobrou uma horinha? Tinha que esperar algo? Tava fazendo nada? Deu saudade? Qualquer motivo era válido para estar lá;, relata.

Bebel nasceu no Rio de Janeiro em 5 de fevereiro de 1922. Chegou a Brasília em 6 de agosto de 1962. Desembarcou na recém-inaugurada capital do país para acompanhar o marido, Oswaldo Parente, que havia sido transferido para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde ele fez carreira. Mente aberta, sempre atenta às mudanças na sociedade, fluente em inglês, não demorou muito para conquistar seu espaço. Foi pioneira, a primeira mulher a se registrar como corretora de imóveis no Distrito Federal. Conciliou a profissão com seu enorme gosto pela leitura, que a levou a abrir uma empresa que vendia grandes coleções de livros. No mesmo período, passou a promover concursos culturais nas escolas da cidade.

Amor por Maria


Mesmo depois de aposentada, continuou ativa, desenvolvendo um papel importante na igreja de São José Operário, na Asa Norte. Ela dava aulas de catecismo. A sua forte devoção a Maria, mãe de Deus, resultou em dois livros, que engrossaram sua obra literária, também composta por ;Crônicas de uma vida;, no qual relatou boa parte de sua trajetória. ;Ela reuniu, nesse livro, todas as crônicas que escreveu ao longo da vida;, afirma o filho Felipe, 65. Ele ressalta que a mãe, mesmo com a idade avançada, sempre se manteve atenta às modernidades. Conversava diariamente com integrantes da família pelas redes sociais. Era muito atenta às novas tecnologias.

Ex-nora de Bebel, a jornalista Gecy Belmonte resume bem quem era a mulher forte que conduziu a família Parente. ;Sempre foi uma mulher à frente do seu tempo, dirigia no Rio de Janeiro quando quase ninguém fazia isso. Foi a primeira corretora mulher, gostava de internet, atuava no Facebook, acolhia a todos, era a primeira a quem os netos recorriam quando queriam contar algo. Cabeça aberta para as mudanças. Acolhia pessoas de todos os gêneros e credos, mesmo sendo católica fervorosa. Era muito especial;, assinala.

Um dos filhos de Bebel, Pedro Parente, preside a Petrobras. Em entrevista recente ao Correio, fez questão de ressaltar a importância que a mãe teve na sua formação: ;Sempre que vou a Brasília faço questão de estar com a minha mãezinha;. O corpo de Bebel está sendo velado na Capela 6 do Campo da Esperança. O sepultamento está marcado para esta sexta-feira, 9 de junho, às 17h30.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação