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Perícia encontra crack e maconha em carro que provocou acidente em SP

O acidente causado pelo advogado Artur Falcão Sfoggia matou carbonizado o comissário de bordo Alexandre Stoian na Avenida dos Bandeirantes, na zona sul de São Paulo

Agência Estado
postado em 14/07/2017 17:47
A perícia policial encontrou porções de crack e de maconha no carro do advogado Artur Falcão Sfoggia, de 33 anos, acusado de ser responsável pelo acidente que matou carbonizado o comissário de bordo Alexandre Stoian, de 43 anos, na Avenida dos Bandeirantes, na zona sul de São Paulo. O advogado foi autuado em flagrante e deve ser transferido para uma cela especial, por ter curso superior, ainda nesta sexta-feira (16/7).


[SAIBAMAIS]Segundo a Polícia Civil, Sfoggia responderá por homicídio qualificado, com dolo eventual (quando assume o risco de matar). Para os investigadores, houve meio cruel, uma vez que a vítima morreu queimada, e perigo comum às outras pessoas. "Ele assumiu o risco de causar evento morte", afirma o delegado Anderson Pires Giampaoli, titular do 96.; DP, responsável pelo caso. "Além de estar em alta velocidade, ter ingerido bebida alcoólica "

O advogado também será indiciado por lesão corporal - por causa dos ferimentos provocados à mulher de Stoian -, fuga do local do crime, omissão de socorro, além de porte de entorpecente. "Encontramos no veículo dois copos aparentemente com bebida alcoólica - a perícia que vai dizer -, uma lata de cerveja, uma porção de maconha e uma pequena porção de crack", afirmou Giampaoli.

O primo de Sfoggia, um empresário de 35 anos, pode responder por favorecimento pessoal, caso a Polícia Civil conclua no inquérito que ele facilitou a fuga do suspeito. Por enquanto, não houve pedido de prisão contra o empresário. "Ele não era o condutor, não há indício de que tenha participação em racha, nem foi a causa do acidente", diz o delegado.

Dinâmica


O acidente ocorreu por volta das 3h45 desta sexta-feira. O Volkswagen Jetta, conduzido por Sffogia, colidiu na traseira do carro onde estavam Stoain e a mulher, que girou e pegou fogo. Com base em imagens colhidas e na análise das marcas de frenagem, a Polícia Civil acredita que o advogado estava a mais de 100 km/h - o dobro do limite permitido na Bandeirantes, de 50 km/h. Na delegacia, o suspeito afirmou estar a 90 km/h.

Em uma primeira versão, Sfoggia disse que estava levando o primo, que mora em Chapecó, em Santa Catarina, para o aeroporto, mas sofreu uma tentativa de assalto e tentou fugir. Os policiais, no entanto, encontraram no veículo um cartão de estacionamento de uma boate e também levantou pagamentos feitos na casa de festa na madrugada.

Confrontado, o advogado teria mudado a versão, admitindo que ficou na festa entre meia-noite e 3 horas, e depois parou para comer em uma lanchonete. No caminho de casa, disse que percebeu estar sendo perseguido e por isso acelerou.

Para a polícia, o depoimento também não é 100% verdadeiro. "A distância entre o ponto do acidente e o que ele disse estar sendo seguido é de um quilômetro, mais ou menos", disse Giampaoli.

Segundo o delegado, Sfoggia admitiu que ingeriu bebida alcoólica e que faz uso de remédio para depressão. O suspeito se negou a fazer exame de sangue, mas foi submetido a exame clínico, cujo laudo vai avaliar também se houve uso de entorpecente.

Aos policiais, o suspeito também negou que tenha deixado de prestar socorro. Como prova, mostrou queimaduras nas mãos que teriam sido sofridas na tentativa de resgate.

"As imagens e os depoimentos mostram, até agora, que essa versão de que ele tentou prestar socorro é mentirosa", afirmou Giampaoli, que disse ter analisado gravações dele e do primo chegando em casa.

Para o delegado, as queimaduras podem ter sido produzidas pelo próprio suspeito. "A polícia está investigando isso", disse. "A prova cabal é que ele fugiu, sequer chamando ambulância ou outro tipo de socorro."

Racha


A Polícia Civil também investiga se Sfoggia participava de um racha na hora do acidente. Segundo testemunhas, o advogado teria fugido do local com auxílio de um terceiro carro. "É possível que o racha reste configurado no curso da investigação", disse o delegado.

Os investigadores vão levantar imagens da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e de comércios para confirmar ou descartar a hipótese. Até o momento, as gravações colhidas só mostram que Sfoggia e o primo chegam a pé em casa.

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