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MST ocupa terras de Henrique Eduardo Alves e Eike Batista

Movimento defende que as terras ocupadas são de pessoas acusadas, no cumprimento de função pública, de atos de corrupção, como lavagem de dinheiro, favorecimento ilícito, estelionato e outros

postado em 26/07/2017 15:49
MST ocupa fazenda de Eike Batista
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) informou ter ocupado novas fazendas no país, com parte das manifestações da Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária e contra as reformas propostas pelo governo do presidente Michel Temer
Na noite de ontem (25/7), integrantes do movimento ocuparam uma área da Chapada do Apodi, no oeste do Rio Grande do Norte. A Polícia Militar confirma a ocupação. Segundo o movimento, o Projeto do Perímetro Irrigado Santa Cruz de Apodi é ligado ao ex-deputado e ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). ;Esse projeto é resultado de uma articulação, do então Ministro da Integração Nacional, Henrique Alves, junto à bancada ruralista e as multinacionais do agronegócio;, afirma o movimento, em nota.

Alves foi preso pela Polícia Federal em junho deste ano na Operação Manus, suspeito de corrupção e lavagem de dinheiro na construção da Arena das Dunas, em Natal. As fraudes somariam R$ 77 milhões. O deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) também é acusado de participar do esquema.

Segundo o MST, o perímetro irrigado é conhecido como ;projeto da morte; e é palco de conflitos e protestos de camponeses contrários ao processo de instalação do agronegócio na região desde 2012. O grupo pede que as terras desapropriadas pelo Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Denocs) para construção do perímetro sejam destinadas à reforma agrária.

[SAIBAMAIS];De acordo com os vários estudos de impacto ambiental, o Perímetro Irrigado Santa Cruz de Apodi não tem nenhuma viabilidade técnica ; pois a água existente só viabilizaria o projeto por cinco anos; social ; haja vista expropriar as famílias que já vivem na região, representando o que se têm chamado de ;reforma agrária ao contrário;;, ressaltou o MST.

Desde ontem (25/7), foram ocupadas, conforme o MST, terras de pessoas acusadas, no cumprimento de função pública, de atos de corrupção, como lavagem de dinheiro, favorecimento ilícito, estelionato e outros. As manifestações ocorrem nos estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Sergipe, Rio Grande do Norte, Piauí e Maranhão.


Eike Batista


Os sem-terra ocuparam também na madrugada de hoje (26/7), um complexo de fazendas com cerca de 700 hectares, em São Joaquim de Bicas, próximo a comunidade Nazaré, região metropolitana de Belo Horizonte. As terras fazem parte da empresa MMX, de Eike Batista.

Segundo o movimento, as terras encontram-se abandonadas após exploração mineral desordenada.

Desde 8 de março deste ano, 600 famílias, ocupam a fazenda Santa Terezinha, no município de Itatiaiuçu, também do empresário, acusado de corrupção e que está em prisão domiciliar.

Por meio da assessoria de imprensa, a Polícia Militar de Minas Gerais confirma que recebeu um chamado sobre invasão de propriedade no local. Segundo a PM, cerca de 80 pessoas estão no complexo. A PM está no local e acompanha o movimento, que segue pacífico. A Agência Brasil não conseguiu contato com a MMX.

Blairo Maggi


Uma das áreas que continua ocupada é a fazenda do grupo Amaggi, em Mato Grosso, pertencente ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi. ;Eu considero como uma atividade política que tem seu dia para começar e seu dia para terminar;, comentou hoje Maggi. De acordo com ele, a propriedade é produtiva e não tem motivo para ser desapropriada.

Segundo a organização não governamental Repórter Brasil, Maggi, tido como o rei da soja, foi denunciado em abril de 2009 pelo Ministério Público Federal (MPF) pelo crime de trabalho escravo. Questionado sobre a denúncia, o ministro rebateu: ;Não é na minha [propriedade] que eles estão olhando;, diz, acrescentando que ;existem fiscalizações para isso, têm volantes do Ministério do Trabalho, todo mundo olha. Se eu tivesse qualquer resquício desse tipo de coisa, eu não estaria aqui, com certeza;.

Localizada a pouco mais de 20 quilômetros de Rondonópolis, às margens da rodovia BR-163, a Fazenda SM02-B, ocupada pelo MST, tem uma extensão de 479,7 hectares e é uma das mais antigas unidades produtivas da Amaggi, com atividades desde a década de 1980. Segundo a Amaggi, o departamento jurídico do grupo segue buscando os meios legais para solucionar a situação.

Ricardo Teixeira

A Vara Única da Comarca de Piraí, no estado do Rio de Janeiro, acolheu pedido de liminar dos advogados do ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Ricardo Teixeira visando a reintegração de posse da Fazenda Santa Rosa, ocupada no início da manhã de ontem (25/7) por manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Com isso, integrantes do MST começaram a desocupar o imóvel na manhã de hoje, após a realização de um último ato político.

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