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Sífilis cresce 27,9% no Brasil e Saúde reforça combate à doença

Ministério da Saúde anunciou o repasse de R$ 200 milhões a estados e municípios da federação para conter o avanço da doença

Aline do Valle - Especial para o Correio
postado em 31/10/2017 16:17
Os principais meios de transmissão da doença são o contato sexual, transmissão vertical - quando a gestante tem a doença e passa para o feto - e transfusão sanguínea

O Ministério da Saúde anunciou a compra de 2.950 milhões ampolas de penicilina - única droga para o tratamento da sífilis - e a distribuição de mais 6 milhões testes até o final do ano. A compra do antibiótico soma R$ 13,5 milhões e está dividida em 2,5 milhões de ampolas de penicilina benzatina e 450 mil de penicilina cristalina - usada para o tratamento em bebês.

Em 2016, foram notificados 87.593 casos de sífilis em adulto, sendo 37.436 casos em gestantes e 20.474 casos de sífilis congênita - quando a mãe é infectada e passa para o bebê. As notificações representam um aumento de 27,9% para adultos, 14,7% para gestantes e 4,7% para bebês se comparados a 2015.

A compra dos antibióticos, a distribuição dos testes e o lançamento da campanha fazem parte do programa de combate à sífilis, anunciado nesta terça-feira (31/10) pelo ministro, Ricardo Barros. O governo ainda anunciou o repasse de R$ 200 milhões a estados e municípios da federação para conter o avanço da doença. Terão prioridade 100 municípios que concentram 60% dos casos de sífilis.

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O Ministério espera que o estoque do medicamento contemple todos os municípios brasileiros até março de 2019. É previsto também a melhora na detecção precoce da doença, principalmente em gestantes, o que evitaria o aumento dos casos de sífilis congênita que, hoje, tem uma taxa de mortalidade de 6,8 a cada mil nascidos vivos. "Todas as gestantes deveriam ser testadas", afirmou Ricardo Barros, ministro da Saúde. Segundo a diretora do departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do ministério, Adele Benzaken, o ideal é que o diagnóstico da doença seja feito nos primeiros três meses da gestação.

Em 2016, 37% das gestantes com sífilis foram diagnosticadas no 1; trimestre - 15% a mais do que no ano anterior. O ministério calcula que o aumento está relacionado à distribuição dos testes de detecção - 4,7 milhões em 2016, e espera que os números cresçam ainda mais. "Quanto maior o número de casos detectados, maiores as chances de tratamento", ponderou o ministro. Com isso, espera-se que os casos de sífilis congênita diminuam, o que levaria à queda da taxa de todos os três casos: adulto, gestante e bebê.

Até setembro deste ano, o governo havia distribuído 6,3 milhões de testes e a previsão é de que até o final deste ano consiga oferecer o dobro do ano anterior. Para isso, o ministério lançou uma nova campanha que incentiva o teste precoce. Contudo, na visão do secretário de saúde do Distrito Federal, Humberto Fonseca, a falta do uso de preservativos e a negativa dos parceiros em aceitar o tratamento - que contempla o casal caso um deles seja contaminado - é preocupante e pode prejudicar a meta. "Não adianta tratar a mulher se o parceiro continua infectado. E as repercussões dessa postura afetam a vida inteira de uma criança que foi infectada durante a gestação", lamentou. Para o próximo ano, o governo espera 37.470 novos casos de sífilis em gestantes, sendo 17.818 bebês. Em adultos, a projeção de novos casos é de 94.460, em 2017.

Sífilis no Brasil


Desde 1986, a sífilis congênita é de notificação compulsória, ou seja, obrigatória. A partir de 2005 e 2010, os casos de sífilis em gestante e sífilis adquirido (adulto) também precisam ser notificados.

Os principais meios de transmissão da doença são o contato sexual, transmissão vertical - quando a gestante tem a doença e passa para o feto - e transfusão sanguínea.

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