Brasil

Anvisa aprova droga contra mieloma e outros três tratamentos para câncer

A lenalidomida entra no mercado para o tratamento do mieloma múltiplo, câncer de sangue incurável e de tratamento difícil. Medicamento poderá ser usado em associações com outras medicações já usadas no Brasil

Jacqueline Saraiva
postado em 27/12/2017 18:15
A expectativa é de que as terapias alcancem melhores resultados e que causem menos reações adversas aos pacientes

De uso inédito no Brasil, quatro novos medicamentos foram aprovados, nessa terça-feira (26/12), pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A decisão vai ampliar as variedades de tratamento de diversos tipos de câncer. São eles, a lenalidomida, o durvalumabe, o olaratumabe e o netupitanto associado com a palonosetrona. Segundo a agência, cada medicamento deve chegar ao mercado de acordo com a programação dos respectivos fabricantes. A expectativa é de que as terapias alcancem melhores resultados e que causem menos reações adversas aos pacientes.

No caso da lenalidomida (Revlimid), substância para o tratamento de pacientes com mieloma múltiplo, câncer de sangue incurável, haverá um controle mais rigoroso. Antes de registrá-la, a Anvisa definiu regras específicas, pois o medicamento pode provocar malformação congênita grave, ou seja, o uso pode levar ao nascimento de bebês malformados e também à morte dos recém-nascidos, chamados de teratogênicos.



[SAIBAMAIS]No começo do mês, o Diário Oficial da União (DOU) havia publicado a atualização do Anexo I da Portaria 344/98, que descreve a lista de substâncias sujeitas a controle especial no Brasil, como entorpecentes e psicotrópicas. Com a atualização, a Lenalidomida passou a ser incluída na lista C3, e passa a ser considerada como imunossupressora, sujeita à notificação de Receita Especial. A droga é usada nos casos de mieloma refratário (que não responde aos tratamentos) ou recidivado (quando a doença volta após o tratamento) que já tenham recebido pelo menos um tratamento anterior.

Tratamentos associados são destaque


Um dos tratamentos possíveis para a doença será com o uso da lenalidomida associada ao daratumumabe, da Janssen, empresa farmacêutica da Johnson & Johnson, e à dexametasona. Segundo a Janssen, o esquema será capaz de reduzir em 59% o risco de progressão ou morte pela doença, quando comparado com o esquema padrão com lenalidomida e dexametasona apenas. O daratumumabe é um anticorpo monoclonal e foi o primeiro imuno-oncológico (quando o medicamento estimula o próprio sistema de defesa do corpo a atacar o câncer) aprovado para o tratamento de mieloma múltiplo.

Dados do estudo Pollux, apresentados durante o Congresso Americano de Oncologia (ASCO), demonstram que a adição de daratumumabe ao regime padrão (lenalidomida e dexametasona) prolonga o tempo sem piora da doença e aumenta de 76% para 93% a taxa de resposta global ao tratamento. Mais da metade dos pacientes que utilizaram a combinação dos três medicamentos teve resposta completa ou melhor (51% vs. 21% com o regime padrão). Daratumumabe e a dexametasona já estão disponíveis no mercado brasileiro.

Veja quais são as outras drogas aprovadas pela Anvisa


; Durvalumabe (Imfinzi)
Foi aprovado com indicação para o tratamento de pacientes com carcinoma urotelial localmente avançado ou metastático que tiveram progressão da doença durante ou após a quimoterapia à base de platina. O produto também é indicado para pacientes que tiveram progressão da doenças em até 12 meses de tratamento neoadjuvante ou adjuvante com quimioterapia contendo platina. O Imfinzi foi registrado com o produto biológico novo pelo laboratório farmacêutico Astrazeneca do Brasil Ltda.

; Olaratumabe (Lartruvo)
Este também é um produto biológico novo indicado para pacientes com sarcoma de tecido mole avançado, que não podem fazer radioterapia ou passar por cirurgia e que não foram previamente tratados com antraciclínicos. O produto foi registrado pela Eli Lilly do Brasil Ltda.

; Netupitanto %2b palonosetrona (Akynzeo)
Este novo medicamento é indicado para a prevenção de náuseas e vômitos agudos ou tardios em pacientes que estão passando por quimioterapia. As náuseas e vômitos são efeitos colaterais comuns que dificultam o tratamento do câncer. Entre os problemas estão a deficiência nutricional, ansiedade e depressão, redução da dose do medicamento e até mesmo interrupção do tratamento. Por isso, a eliminação de náuseas e vômitos durante tratamentos quimioterápicos é fundamental para que o paciente tenha melhores chances de cura.

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