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Carne Fraca: Ministério da Agricultura nega riscos à saúde

Nesta segunda-feira (5/3) foi deflagrada a 3ª fase da Operação Carne Fraca, com foco em fraudes na própria fiscalização dos produtos

Anna Russi*, Bruno Santa Rita*
postado em 05/03/2018 17:58
A investigação que culminou na Operação Trapaça começou nas granjas e, posteriormente, passou pelos frigoríficos e laboratórios

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento informou, por meio de nota, que os procedimentos implantados a partir do início da Operação Carne Fraca "reafirmam a robustez do controle oficial e a qualidade dos produtos brasileiros". A terceira fase da Carne Fraca, denominada Operação Trapaça, foi deflagrada nesta segunda-feira (5/3) pela Polícia Federal. O ministro da agricultura, Blairo Maggi, afirmou que o regulamento do Brasil permite que as carnes apresentem certos tipos de salmonela em seu conteúdo. A operação Trapaça, segundo Maggi, acontece em função da exportação dessa carne que vai para países cujo regulamento não está de acordo com o padrão brasileiro. "O regulamento brasileiro é diferente do regulamento estrangeiro de alguns países que não permite a presença nenhuma de alguma salmonela. O nosso regulamento permite", explica.
"Posso garantir para a população brasileira que não há risco no consumo de carnes de aves produzidas por qualquer uma das empresas citadas ou não", informa. Ele explicou que as bactérias da salmonela são incapazes de sobreviver a mais de 60;C, temperatura facilmente alcançada ao se cozinhar ou fritar esse tipo de alimento.
Maggi ainda faz projeção de que a operação será feita com transparência e responsabilidade. ;Estamos trabalhando junto com a Polícia Federal e com o Ministério Público Federal para resolver esses problemas;, sinaliza
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A operação Trapaça começou nesta segunda e já cumpriu 81 ordens judiciais, expedidas pelo Juízo Titular da 1; Vara Federal de Ponta Grossa/PR. Foram cumpridos 11 mandados de prisão temporária, 27 de condução coercitiva e 53 de busca e apreensão. As ações foram realizadas por 270 policiais federais, 21 auditores fiscais federais nos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e São Paulo. Entre os presos, está o ex-presidente da BRF, Pedro de Andrade Faria, que ficou à frente do conglomerado de 2015 a dezembro do ano passado, e o ex-vice presidente Hélio Rubens Mendes dos Santos Júnior.

Segundo a PF, executivos da BRF tinham conhecimento das alterações que ocorriam, para burlar a fiscalização e a atuação do Ministério da Agricultura.

Salmonela

O grande problema estava relacionado à salmonela, segundo representantes da Polícia Federal, durante entrevista coletiva. Alexandre Campos da Silva, coordenador-geral do Ministério da Agricultura, disse, porém, que o risco à saúde pública não está devidamente configurado. "A salmonela, por si só, não caracteriza risco, em razão da forma de cozimento.

Além do problema da salmonela, foram encontradas irregularidades com relação à ração. Segundo o delegado da Polícia Federal, Maurício Moscardi Grillo, uma funcionária do setor de qualidade da ração fez comentário em e-mail de que a estratégia da empresa era agir fora da lei mesmo.

Controle

O Ministério da Agricultura explicou que os microrganismos, comuns na flora intestinal das aves, são destruídos quando expostos a altas temperaturas, o que diminui os riscos no consumo. "Dentre os microrganismos normalmente registrados em carne de aves (Salmonella spp.), existem dois de preocupação para a saúde animal e dois para a saúde pública. A este respeito, há medidas específicas adotadas nas granjas avícolas e nos produtos correspondentes, visando a melhoria do manejo e a redução de riscos do campo à mesa;, informou em nota.

O credenciamento dos laboratórios alvos da operação foram suspensos até a finalização dos procedimentos de investigação e pode, inclusive, ser cancelado definitivamente. As unidades frigoríficas investigadas na tipificação de Salmonella spp. tiveram suspensão cautelar de suas certificações.

O aprimoramento de ferramentas de combate a práticas ilegais de análise laboratorial também foi uma das medidas tomadas pelo Ministério da Agricultura com o objetivo de tornar mais eficiente a detecção de não conformidades.

*Estagiários sob supervisão de Ana Letícia Leão

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