Cidades

Correio entrevista o secretário de Transportes Alberto Fraga

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postado em 22/05/2008 08:28
Um milhão, cento e cinqüenta e seis carros. Essa era a frota do Distrito Federal na manhã desta quarta-feira (21/05). Mais preocupante que isso, só o acelerado crescimento da quantidade de carros: 9,2% ano passado. A continuar nesse ritmo, serão 2 milhões de veículos daqui a 10 anos. Brasília, Patrimônio Cultural da Humanidade, não permite alargamentos de vias e construções de viadutos ou passagens subterrâneas. Nem é esse o caminho, segundo os estudiosos. É preciso planejar. O governo deve oferecer ao cidadão um transporte público eficiente. E a população, por sua vez, precisa se convencer a deixar o carro na garagem e migrar para os sistemas coletivos, sejam eles ônibus ou trens. É esse o caminho que o governo do DF planeja trilhar. O secretário de Transportes Alberto Fraga falou ao Correio sobre as ações em curso e os projetos que vão desafogar o trânsito do DF nos próximos anos. O que a frota de 1.000.156 veículos representa para o governo? É um número preocupante. O trânsito é uma doença crônica no mundo inteiro. Os países desenvolvidos adotaram políticas semelhantes às que o nosso governo quer adotar: o fortalecimento do transporte público. Brasília teve alguma política de transporte no passado? Não. O quadro que nós traçamos é o seguinte. Em 2000, tínhamos 500 mil veículos. Em 2008, nós temos um milhão de veículos. De 2000 até 2007, não foi feito absolutamente nada para evitar o que vemos aí hoje. E o que este governo já fez? Ampliamos as estações do metrô. Antes ele transportava 50 mil pessoas. Agora, são 150 mil passageiros. Combatemos a pirataria. Tiramos quase mil vans das ruas e quase mil kombis que faziam o transporte pirata diariamente. Isso também ajudou a ordenar um pouco o trânsito. Com a construção das ciclovias, incentivamos o deslocamento de bicicleta nas distâncias curtas. Os viadutos da EPTG (Estrada Parque Taguatinga) vão melhorar o tráfego. E olha que ainda faltam mais três viadutos do mesmo porte: um na entrada de Águas Claras, outro no Jóquei Clube e o último no SIA. A duplicação da Epia (Estrada Parque Indústria e Abastecimento) e da BR-020 também vai dar fluidez ao trânsito. Aí, sim, vem o carro-chefe de tudo o que o governo quer fazer: o Brasília Integrada. A linha de metrô foi ampliada, mas os usuários queixam-se da superlotação. Quando a população terá uma resposta de melhoria? Isso ocorreu porque tínhamos três trens quebrados. As peças são importadas e chegam no fim do mês. O governador determinou a compra de mais 10 trens. São R$ 200 milhões. A encomenda está feita, mas não existe trem em prateleira. Vai demorar 12 a 18 meses para chegar. Os usuários dos ônibus reclamam do descumprimento de rota e horário. O que o governo tem feito para resolver esse problema? Vamos gerenciar a frota com GPS, colocar câmeras de monitoramento dentro dos ônibus e ter o controle de velocidade. Tudo isso está previsto no Brasília Integrada. Mas não temos como implantá-lo enquanto os recursos dos bancos não forem liberados. No dia 30, vou apresentar os primeiros 350 microônibus e vamos começar a substituir as vans. O mais importante é que a gestão do sistema foi retomada. Agora, quando o empresário clama por aumento de tarifa porque opera no vermelho, eu pego as informações sobre passageiros transportados, quantos estudantes e digo: você está mentindo. A bilhetagem automática é uma grande vitória. Você tira o dinheiro de circulação, acaba com a fraude do passe estudantil, com a fraude de vale-transporte. Só o governo gasta R$ 7 milhões em vale-transporte. Nesta terça-feira, os rodoviários fizeram manifestação. Sempre que isso ocorre, os empresários pedem aumento da tarifa. Vem um aumento da passagem por aí? O governo só vai se manifestar sobre aumento de tarifa após concluir a planilha de custos. Essa manifestação foi uma jogada dos empresários. Um ato irresponsável e premeditado. O fato é que o governo aumentou a receita deles em 30% com o combate à pirataria e às vans. Agora eles alegam que estão gastando mais com o pagamento das parcelas de ônibus. Ora, a renovação da frota é obrigação e deve ocorrer a cada sete anos. Neste governo já trocamos 650 ônibus velhos por novos. E a tendência é licitarmos toda a frota do DF. Serão 1,9 mil ônibus. Sobre o Brasília Integrada, a impressão que se tem é que o governo está com dificuldade para tirá-lo do papel. Já entregamos os projetos executivos ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Temos de aguardar o banco. O governo não pode pressionar o BID. Hoje qual é a minha dificuldade? Queremos começar as obras pela EPTG. Os projetos executivos para as mudanças na Hélio Prates, Comercial e Samdu estão concluídos. No entanto, falta o projeto de drenagem de águas pluviais. O banco não quis liberar o dinheiro e está certo. Como é que vou fazer o asfalto com camada especial e depois abrir um buraco de fora a fora para colocar manilha? Das propostas do Brasília Integrada que estão com o BID, qual está mais adiantada? Queremos fazer a licitação do corredor exclusivo de ônibus da EPTG no fim de junho.

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