Cidades

Vendedores resistem ao Shopping Popular

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postado em 19/06/2008 08:33
Os feirantes retirados da zona central de Brasília deveriam ter levado o comércio para o Shopping Popular. No entanto, muitos não tiveram sucesso com as vendas no novo local e trocaram o box pelas ruas. A ambulante Joana* passou 20 anos trabalhando na Rodoviária e foi sorteada para montar uma banca no shopping. Em duas semanas, vendeu R$ 5 em bijuterias e desistiu de ficar no box. ;O lugar é bem-feito, mas não tem movimento. Eu ganhava R$ 600 por dia na Rodoviária. Vim para Taguatinga porque minhas contas estão vencendo e não vou me afundar em dívidas;, afirmou. Uma equipe da Agência de Fiscalização do DF estará na feira hoje e amanhã para fazer um levantamento sobre o comércio informal. Em seguida, uma ação será planejada para retirar os camelôs da área pública que cerca os galpões. ;Toda a calçada deve ficar livre para os pedestres, vamos intensificar a fiscalização;, explicou o diretor da agência, Rôney Nemer. O presidente da Associação do Shopping Popular de Brasília (Asshop), Caio Donato, acredita que o aumento no movimento de clientes no novo prédio deve convencer os ambulantes a deixar as ruas. ;Vamos ter mais ônibus para atender a clientela e os feirantes. E a partir do momento em que tiver linha de crédito, as pessoas terão condições de voltar;, disse Donato. De acordo com ele os vendedores aceitarão cartões de crédito como pagamento e 80% das mercadorias serão importadas ; equipamentos eletrônicos, de informática, etc. Movimento fraco Os feirantes do Shopping Popular terão 60 dias para construir os boxes e registrar as microempresas. A decisão foi tomada em uma reunião na Corregedoria-Geral do DF no fim da tarde de ontem. O espaço construído ao lado da Rodoferroviária do Plano Piloto tem lugar para 1.734 bancas, mas os comerciantes ainda trabalham com estruturas improvisadas de metal e madeira. Até 18 de agosto, quando termina o prazo estipulado pelo governo, o shopping deve estar mais atrativo para os visitantes. O fluxo de pessoas na feira ainda é baixo ; durante a semana, mal se nota a presença de clientes. A preocupação do coordenador de feiras do DF, João Oliveira, é aumentar as vendas no local. ;Queremos aquecer o movimento porque muita família depende daquilo. A clientela tem que se deslocar para fazer as compras, mas, se estiver tudo organizado lá, é outra história;, comentou o coordenador. Ouça a entrevista com o coordenador de feiras do DF, João Oliveira: O Shopping Popular tem 1.360 vendedores cadastrados para trabalhar ; há 374 vagas remanescentes, que devem ser preenchidas em um sorteio, ainda sem data definida. As fichas de todos os comerciantes autorizados a atuar na feira são reavaliadas pela corregedoria para identificar possíveis falhas. Quem não se inscreveu a tempo ou ficou de fora do primeiro sorteio poderá participar da próxima seleção. O governo também quer definir opções de financiamento para a construção dos boxes, que chegam a custar R$ 3,5 mil e são bancados pelos feirantes. Os ex-ambulantes podem pedir uma linha de crédito na Secretaria de Trabalho, empréstimo pelo Banco de Brasília (BRB), ou buscar a melhor alternativa entre outros bancos. *Nomes fictícios a pedido das pessoas entrevistadas.

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