Cidades

Empresário de 54 anos escapa de cativeiro

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postado em 02/07/2008 08:56
Ele foi valente. Aos 54 anos, com sérios problemas nos rins por causa de um transplante e ainda com um tiro de raspão na perna, conseguiu escapar do cativeiro onde era mantido havia um dia, andar cinco quilômetros no meio do mato em plena madrugada e pedir socorro. No último dia 22, um empresário de Brazlândia ; que não teve o nome divulgado pela polícia por segurança ; foi abordado quando deixava a fazenda onde costuma passar os fins de semana com a família e os amigos. Dois homens armados e encapuzados pararam o carro em que ele, a mulher e um amigo estavam. O caso era mantido sob sigilo até a noite desta terça-feira (1;/07), quando nenhum suspeito havia sido identificado.

Os seqüestradores foram rápidos. Tinham como único alvo o empresário. Disparam com uma espingarda de calibre .12 na direção dele e o levaram para outro veículo, parado próximo, na estrada de areia que dá acesso à fazenda. Lá, outro homem aguardava na direção. Os criminosos combinaram com a mulher e o amigo da vítima que só o devolveriam vivo se conseguissem o que queriam. Exigiram um resgate de R$ 400 mil. Chegaram a anotar o número do telefone da mulher da vítima, mas não fizeram contato nas horas seguintes.

O empresário, que toma remédio por conta das dores nos rins, passou mais de 24 horas amarrado e com os olhos vendados em um cativeiro improvisado a céu aberto, em um matagal nos arredores de Brazlândia. Comeu apenas biscoitos durante esse tempo. Na noite do dia 23, os seqüestradores foram fazer um lanche em um restaurante na beira da estrada e deixaram a vítima sozinha, que àquela altura já não estava bem de saúde. Mas conseguiu se desamarrar e, ferida com o tiro na perda, percorreu cerca de cinco quilômetros até a cidade, onde foi atendida em um posto médico.

A Delegacia de Repressão a Seqüestro (DRS) investiga o caso. Sabe-se que o empresário tem muitas posses em Brazlândia, que há muito tempo mexe com terras e fazendas. Mas, segundo o que contou à polícia, faliu quando uma faculdade particular de sua propriedade fechou as portas. ;Ele deve a muita gente e muita gente deve a ele;, comentou a delegada Suzana Machado, chefe da DRS.

A polícia trabalha com duas hipóteses: acerto de contas ; alguém a quem a vítima deve dinheiro resolveu praticar o crime como forma de extorsão ; ou seqüestro clássico organizado por gente que conhecia o patrimônio do empresário. ;O certo é que não é comum a exigência de um resgate de R$ 400 mil;, ressaltou a delegada. Agentes da DRS não haviam encontrado o cativeiro até a noite de ontem. Moradores de Brazlândia estão sendo ouvidos pelos investigadores. Hoje será feita nova perícia no local da abordagem.

Criminosos comuns
A quantidade de seqüestros em Brasília é mínima, se comparada a grandes cidades brasileiras. Em São Paulo, por exemplo, há uma média de 30 casos em andamento ao mesmo tempo. Na capital federal, entre 2003 e 2007, 14 pessoas foram alvo de seqüestros clássicos ; aqueles em que o bandido faz o refém e exige dinheiro ou algum outro benefício para libertá-lo.

Ao contrário do que ocorre em quase todas as capitais brasileiras, onde esse tipo de crime é praticado por quadrilhas especializadas, os envolvidos em seqüestros no DF são, em sua maioria, criminosos comuns. Alguns casos de Brasília ficaram famosos em todo o país. Entre eles, o da filha do ex-senador Luiz Estevão, em 1997, e o do empresário Wagner Canhedo Filho, dono da Viplan, em 1991.

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