Cidades

Lei seca diminui movimento em clubes

Churrasqueiras e piscinas vazias, poucas vendas nos bares e rodízio entre os sócios. Nova legislação esvaziou os locais tradicionalmente mais cheios aos domingos

postado em 07/07/2008 09:00
Este domingo (6/07) foi bem menos animado do que o habitual nos clubes de Brasília. O vento frio ajudou a espantar os visitantes, mas o consenso entre os freqüentadores e administradores dos bares desses locais era de que a lei seca motivou a queda no movimento. As grandes atrações dos fins de semana ; churrasqueiras e piscinas ; estavam praticamente desertas. Muitos dos sócios presentes estavam acompanhados e combinaram com as mulheres de elas não beberem para levar o carro da família de volta para casa.

Churrasco sem álcool na Asbac: homens decidiram não beberEsse era o caso do presidente da Associação Atlética Banco de Brasília (AABR), Marcus Alencar de Araújo, 42 anos. ;Tenho também que dar exemplo para meu filhos;, disse. Ele percebeu que já havia menos gente no clube no fim de semana passado. Mas afirma que o movimento diminuiu mesmo nas terças e quintas-feiras, dias das tradicionais peladas de futebol entre os sócios. O administrador do bar da casa, Valdivino Martins do Nascimento, 25, tem a mesma impressão. Segundo ele, as vendas caíram pela metade desde o dia 20 de junho, quando a Lei Federal n; 11.705/08, que institui a lei seca, entrou em vigor. ;O pessoal que gosta de beber cerveja está tomando água;, lamentou.

Maurício e Fábio receberam roteiro de blitzes pelo celularMas há exceções. Na manhã de ontem, o servidor público Expedito Augusto Conceição, 56, bebericava cerveja enquanto preparava um churrasco para ele, a mulher e o filho pequeno na Associação dos Servidores do Banco Central (Asbac). No copo da companheira de Expedito, nada de álcool: caberia a ela dirigir no fim do dia. As mulheres da família do motorista Marcos Aurélio Nunes também teriam muito trabalho ontem: ao todo, 10 parentes se divertiam na Asbac. A maioria tomava cerveja. ;Quem não bebe dirige;, definiu Marcos.

Assim, sobrou para a estudante Ana Paula da Silva, 34, e a mãe dela, a aposentada Hosana Liberato da Silva, 59, a missão de permanecerem sóbrias e levar a turma para casa. Com a bancária Deuzelina Aquino, 43, foi o contrário. ;Temos nossos motoristas, os maridos. Eles vão guiar e eu vou beber;, disse, com um copo de cerveja na mão. Entre seus amigos, estava o empresário francês Jose Rodero, 52, que veio da Europa conhecer a cidade e passou a ter de dirigir para os amigos.

Pelo celular
Na AABR, todos os sócios que beberam estavam de caronaNa Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), o clima era quase de desolação. Alguns poucos sócios ocupavam cadeiras e guarda-sóis. Algumas churrasqueiras estavam reservadas, mas perto do meio-dia ninguém sequer tinha acendido o fogo para o assado. Apenas as quadras de esportes estavam movimentadas, mas nem traço de bebida alcoólica. ;No fim de semana (passado) foi um pouco melhor, mas também vendeu pouco. Acho até justa uma lei como essa, mas foram muito radicais. Baqueou a gente;, disse, entristecido, Marcos Sullivan, 55, que vende bebidas em um bar perto das piscinas há 10 anos. ;O movimento caiu mais da metade;, calculou.

Indignados estavam o professor de educação física Fábio Castro e o analista de sistemas Maurício Camargo, ambos com 24 anos. Eles viraram a noite em uma festa na AABB e, no fim da manhã, tomavam sol na beira da piscina do clube. ;Agora, ou vai de carona ou pega táxi;, disse Maurício. ;Ou manda alguém na frente para avisar se vai ter blitz no caminho;, sugeriu o amigo. Na noite de sábado, se a dupla tivesse voltado para casa nem teria sido necessário escolher o olheiro. Maurício mostrou a mensagem que recebeu no celular. O conteúdo, enviado por outros amigos, era a localização de todas as blitzes realizadas pelo Departamento de Trânsito e pela Polícia Militar na cidade.

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