Cidades

Embrapa contribui para Arca de Noé das sementes

Amostras de arroz, feijão e milho serão enviadas a banco mundial de alimentos na Noruega

postado em 14/07/2008 08:53
O arroz e feijão de todo dia junto com o milho, outro item importante na alimentação do brasileiro, terão sobrevivência garantida para as gerações futuras. Pelo menos no que depender da conservação das sementes desses alimentos, que ficarão protegidas a uma temperatura de -20ºC em uma instalação subterrânea na Noruega à prova de ataques nucleares, terremotos e diversos desastres naturais. Trata-se do Fundo Global de Diversidade Agrícola, uma caixa-forte construída no interior de uma montanha em uma ilha do arquipélago Svalbard, inaugurada em fevereiro, que tem o objetivo de funcionar como uma ;Arca de Noé; para espécies vegetais. O chefe-geral da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, José Manuel Cabral, recebeu na última terça-feira (01/07) o contrato firmado com o Fundo Global que estabelece o compromisso entre os dois países. O Brasil vai participar do empreendimento com exemplares de diferentes tipos de arroz, feijão e milho, que serão enviados para a caixa-forte diretamente de Brasília até o final do ano. No entanto, ainda está em estudo a seleção do material que será mandado para o banco de sementes. ;Eles não querem que haja repetição. Por isso, precisamos definir com antecedência o que será mandado para garantir que outro país já não tenha enviado aquele determinado tipo de semente para lá;, justificou Cabral. A escolha das espécies a serem enviadas levou em conta a segurança alimentar da população. ;Escolhemos primeiramente alimentos de grande importância para o brasileiro. Até para testar o sistema e conferir se esse armazenamento se dará de forma fácil ou difícil;, explicou. Cabral lembrou que a questão da conservação de vegetais cultivados pelo homem remonta a um passado distante. ;Quando os índios aprenderam a cultivar a terra, eles passaram a carregar as sementes sempre que uma mudança de habitat para um local desconhecido se mostrou necessária;, detalhou. Fertilidade O material selecionado sairá da Embrapa Arroz e Feijão, em Goiânia (GO), e da Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas (MG). A seleção levará em conta informações passadas pelo próprio Fundo Global como possíveis envios à Noruega de amostras para análise. Todas as sementes serão inspecionadas em Brasília para checar suas condições de fertilidade antes de saírem do país. A viagem para Noruega ocorrerá em embalagens com tamanhos predeterminados a serem enviadas via Correio. Dentro de cada uma das caixas, estará uma quantidade ainda não estabelecida de pacotes especiais com as sementes. Cada pacote possui três camadas. A interior é de papel, a do meio, de plástico e a exterior, de alumínio. Essas camadas servem como garantia de conservação das sementes até que cheguem ao seu destino. A função principal delas é evitar que o material seja prejudicado pela umidade. As caixas devem chegar lacradas na caixa-forte em Svalbard e serão colocadas dessa maneira no interior das instalações. Nenhum funcionário do Fundo Global terá permissão para checar o conteúdo enviado. Isso só poderá ser feito pela pessoa ou empresa que enviou o produto. ;O banco de sementes funciona como um banco real. Dois motivos que nos levaram a participar desse empreendimento. Primeiro, pela segurança que o lugar oferece. Em segundo, pelo baixo custo de armazenamento. Para eles, é muito mais barato baixar a temperatura de -5ºC para -20ºC. Nos nossos bancos de germoplasma, precisamos baixar a temperatura, normalmente, de 30ºC para -20ºC;, revelou Cabral. O sucesso dessa primeira etapa determinará se a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia terá uma participação mais ativa no empreendimento. Existe uma expectativa elevada no órgão, que estuda um possível envio de frutas e hortaliças no futuro. Contudo, a estatal não tem planos de mandar material de forma indiscriminada para o exterior. Mesmo porque a legislação brasileira impõe diversas restrições quanto ao intercâmbio de matérias-primas do país. O contrato assinado pela Embrapa e pelo Fundo Global, por exemplo, precisou passar por duas modificações antes de ser finalizado. A primeira mudança diz respeito a possíveis problemas jurídicos que ocorram durante a transação. No contrato original, essas questões seriam resolvidas nas cortes norueguesas e, com o ajuste, se tornaram assunto a ser decidido na Justiça brasileira. A segunda mudança estabelece que a renovação do acordo, que tem validade de 10 anos, precisa ser renegociada quando o prazo do documento expirar. No original, a renovação seria automática. Leia mais na edição impressa do Correio Braziliense.

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