Cidades

Estelionato: golpe auxiliado pelos frentistas

Operação com direito a 70 policiais prende 11 integrantes de quadrilha que clonava cartões com a ajuda de funcionários dos postos de gasolina. O grupo adquiriu quase R$ 1 milhão em produtos

postado em 18/10/2008 08:23
Com a prisão de 11 integrantes de uma quadrilha que clonava cartões de crédito, a polícia descobriu um novo golpe a clientes de postos de gasolina que pagam a conta com cartões de crédito. Com um dispositivo instalado nas máquinas leitoras, os bandidos conseguiam imprimir uma terceira via do comprovante de pagamento sem que o cliente percebesse. Frentistas aliciados pelo bando anotavam o número do código de segurança do cartão e entregavam aos criminosos. Outro ato ilícito praticado pelo grupo era a clonagem dos cartões com um dispositivo chamado ;chupa-cabra;, que permite que todas as informações da conta sejam copiadas eletronicamente. Os 11 presos até o fechamento desta edição, incluindo três frentistas, serão autuados por estelionato, cuja pena é de um a cinco anos de prisão, formação de quadrilha (até três anos) e uso de documento falso (até cinco anos de reclusão). Delegado Adval Cardoso de Matos fala sobre a prisão do grupo de 11 estelionatários Com as informações, os estelionatários compravam produtos pela internet e revendiam a preços módicos. Segundo o delegado titular da 15; Delegacia de Polícia, Adval Cardoso de Matos, os envolvidos gastaram quase R$ 1milhão em compras. ;O faturamento final deve ter ficado em cerca de um terço do valor, porque eles ainda tinham que pagar os funcionários dos postos que forneciam as informações e os receptadores que emprestavam o endereço para receber as mercadorias;, contou. A maioria dos presos morava em Ceilândia, mas os postos onde o golpe era aplicado se espalham por vários pontos do DF. Dois ficam nas quadras 305 e 306 Norte e outro no Sudoeste, próximo ao Setor de Indústrias Gráficas. As investigações começaram há quatro meses, depois que Alysson Lima Rocha Soares, 30 anos, conhecido como Neguinho, foi preso por clonagem de cartões de crédito. Ele foi solto no dia seguinte à prisão para responder em liberdade ao processo. ;Sabíamos que ele ia voltar e seguimos investigando a atividade dele;, disse o delegado. O policial contou que Alysson e seus comparsas ficavam amigos dos frentistas e os convenciam a aderir à atividade ilícita. ;Eles pagavam R$ 40 por cartão clonado e R$ 10 por comprovante com o código de segurança;, contou. Plasma A operação América, nome em alusão ao cartão American Express ; uma das bandeiras visadas pela quadrilha, foi desencadeada às 6h de ontem. Cerca de 70 policiais participaram das buscas, dos quais 40 foram designados pela Divisão de Operações Especiais (DOE) para auxiliar agentes da 15; DP. Nas casas onde os envolvidos foram presos, a polícia também apreendeu televisores de plasma, notebooks, computadores, monitores, aparelhos de DVD, pares de tênis importados, pneus e rodas de carro, além de um revólver calibre .38 e balas de fuzil. Os agentes da DP passaram o dia registrando os produtos. No fim da tarde, o delegado ainda nem tinha as quantidades certas, tal era o volume de mercadorias. A polícia também encontrou os dispositivos utilizados para a clonagem e coleta das informações dos cartões. Até o fechamento desta edição, os policiais ainda realizavam buscas a outros envolvidos e a materiais comprados com os cartões fraudados. Os produtos eram anunciados em classificados a preços abaixo dos praticados nas lojas de varejo e sites de compra da internet. O chefe da quadrilha disse aos policiais que agia sem pudor porque as operadoras de cartão de crédito seriam as lesadas. ;O Alysson contou que os compradores eram sempre ;figurões; das asas Sul e Norte que faziam a compra com pressa por medo de serem flagrados comprando os produtos;, disse o delegado Adval de Matos. O delegado disse ainda que não é fácil prevenir esse tipo de crime, mas recomenda atenção ao pagar as contas com cartões para que não seja impressa a terceira via e para não deixar que frentistas ou caixas passem o cartão longe da vista do cliente.

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