Cidades

Greve de servidores pára Detran-DF

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postado em 21/10/2008 09:00
O carreteiro Martinho Rodrigues de Souza, 45, chegou ao Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) do Setor de Indústrias e Abastecimento (SIA) na manhã de ontem e encontrou as portas fechadas. Um faixa explicava: os servidores estão em greve. A decisão foi tomada após a realização de assembléia que durou toda a manhã com a participação de 300, dos 732 funcionários do órgão, usando nariz de palhaço e apitos. Representantes do sindicato dos servidores do Detran-DF (Sindetran) garantem que nenhum serviço funcionará a partir de hoje até que o governo local cumpra o acordo, firmado em agosto deste ano, de incorporação das gratificações aos salários. A partir de hoje, a categoria montará piquetes em frente aos postos do Detran-DF ; em Planaltina, Sobradinho, Gama, Taguatinga, Brazlândia ; para garantir a adesão total dos servidores na greve. "É uma pena porque entrei com recurso de uma multa há três semanas e preciso concluir o processo. Agora vou ter que esperar mais tempo. Acredito que os funcionários mereçam melhores condições para trabalhar, mas nós não podemos ficar sem o serviço deles", lamentou o carreteiro. Por meio de nota, a Direção-Geral do Detran lamentou que não tenha havido acordo e também os prejuízos causados à sociedade. Mas assegurou que parte dos serviços essenciais funcionarão. O controle dos semáfaros, realizado por terceirizados, e a fiscalização, que continuará sendo feita pela Polícia Militar. De acordo com a nota, os serviços do Detran deverão continuar nos postos do Na Hora, na Rodoviária do Plano Piloto, em Ceilândia e em Sobradinho. (veja quadro) Mas as medidas emergenciais a serem adotadas e as informações sobre as negociações com a categoria serão divulgadas hoje, em coletiva, às 10h. Luiz França, diretor-geral do Na Hora disse que o serviço vai atender as pessoas com demandas relativas ao Detran, mas o serviço deve ficar lento. "Em média, atendemos 2 mil demandas do Detran, das quais 500 na Rodoviária", explicou França. Essa é a segunda greve do ano da categoria. A última durou apenas quatro horas, em 5 de agosto. Após a data, o governo concordou com algumas das reivindicações. O salário foi reajustado em 5%, os tíquetes-refeição passaram de R$ 12 para R$ 18 por dia e foi determinado que haveria concurso público em setembro deste ano e janeiro de 2009. (veja quadro). O concurso foi adiado para janeiro, segundo o presidente do sindicato dos servidores do Detran-DF, José Alves Bezerra. Mas as gratificações incorporadas ao vencimento ainda não foram concretizadas. "Nos foi garantindo que o projeto de lei seria votado na Câmara Legislativa até a segunda quinzena de setembro. Demos mais um prazo até hoje (ontem). Agora, o que nos foi passado é que o governo recuou para que outros órgãos não reivindiquem, porque não há dinheiro para todos", explicou Bezerra. Os servidores recebem duas gratificações, uma por desempenho e outra por atividade. Os valores variam dependendo do cargo. Com a incorporação a categoria passaria a ter um vencimento único. "Hoje recebemos de forma picada. Se o projeto for aprovado nenhum governo poderá nos tirar isso. Viraria o nosso salário, garantido", completou. Ele afirmou que o impacto na folha de pagamento do Detran-DF seria em torno de R$ 450 mil ao mês. "E o órgão pode arcar com isso." Durante a assembléia, Bezerra leu uma carta do diretor-geral do Detran (DF), Jair Tedeschi, com duas propostas do órgão às reivindicações dos funcionários. A primeira sugeria que não houvesse incorporação das gratificações e, em contrapartida, haveria reajuste de 16%: metade em março de 2009 e metade em janeiro de 2010. A segunda proposta aprovava a incorporação mas congelaria os adicionais, com o mesmo reajuste de 16% dividido em duas vezes. A categoria não aceitou nenhuma das duas. "O próprio governo sugeriu a incorporação das gratificações. E precisamos delas imediatamente", disse Bezerra.

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