postado em 11/11/2008 08:00
O atendimento no Instituto do Coração de Brasília (Incor-DF) está ameaçado mais uma vez. A Fundação Zerbini comunicou ao Ministério da Defesa que deixará a administração do hospital a partir de 19 dezembro. O aviso chegou à seção de protocolo do ministério há 12 dias. Procurada pela reportagem, a direção da entidade limitou-se a dizer que ;nada vai declarar a respeito das negociações em curso;. No ano passado, 27,9 mil pacientes receberam atendimento no Incor pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e outros 23,4 mil por planos de saúde ou com pagamento particular. A instituição funciona em uma área do Hospital das Forças Armadas (HFA), daí a vinculação com o Ministério da Defesa.
O governo local diz não ter recebido, até o momento, qualquer documento oficial da Fundação Zerbini comunicando a intenção de deixar a administração do Incor. No entanto, o secretário de Saúde, Augusto Carvalho, contou que, na última semana, em uma conversa informal, o secretário de Saúde de São Paulo, Luiz Roberto Barradas, afirmou que a fundação restringiria suas atividades para se concentrar no Incor-SP. ;Foi uma surpresa para nós. Esperávamos renovar o contrato a partir de janeiro.;
O momento, segundo Augusto Carvalho, é de negociação. Ontem, ele e o governador José Roberto Arruda passaram o dia em São Paulo, onde conheceram o projeto Assistência Médica Ambulatorial (AMA). ;Aproveitamos para fazer alguns contatos. O governador Arruda tem um diálogo político muito bom com o Serra (José Serra, governador de São Paulo). Além disso, estamos examinando alternativas. O importante é garantir a continuidade do atendimento;, finalizou.
Apesar do prazo fixado pela Fundação Zerbini, o Ministério da Defesa assegurou, em nota, que ;a data de saída dependerá da evolução das negociações;. E que os usuários do Hospital das Forças Armadas não ficarão sem atendimento médico na área de cardiologia, coberta hoje pelo Incor. Ainda de acordo com a nota, o ministério informou que aguarda a indicação, por parte da fundação, da instituição que poderá substituí-la no Incor. Só então estudará as medidas legais e administrativas que poderão ser tomadas. Até ontem, nenhuma entidade havia sido indicada.
Sem envolvimento
Desta vez, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT) não pretende se envolver na questão. O promotor de Defesa de Usuários dos Serviços de Saúde do DF, Diaulas Ribeiro, que em 2007 chegou a entrar com ação na Justiça para garantir o atendimento no Incor, antecipou que só entrará no caso em duas hipóteses: se o GDF pedir a intervenção do MP ou se a assistência médica estiver ameaçada.
Ao Correio, Diaulas Ribeiro contou que soube da saída da Fundação Zerbini no último fim de semana, mas disse desconfiar se isso realmente acontecerá. ;Faz pelo menos dois anos que ouço essa história. É só o GDF aumentar o valor do repasse e tudo volta a ser como antes. Mas está passando da hora de o governo resolver isso de uma vez por todas;, defendeu. O promotor acrescentou que existem opções para o Incor e que algumas delas já foram apresentadas ao governo. ;No DF mesmo temos instituições capazes de manter a qualidade de atendimento do Incor;, alegou.
Uma fonte ligada ao Incor-DF confirmou que saída da Fundação Zerbini foi comunicada a um grupo de médicos no fim do último mês. Nem todos os funcionários estão sabendo. ;O que ouvimos é que a transição será tranqüila, não haverá demissões nem interrupção dos serviços;, comentou um médico que trabalha na instituição. A assessoria da Fundação Zerbini não informou quantos pacientes estão atualmente internados no Incor-DF.