Cidades

Pdot barra construção de empreendimentos na antiga Fazenda Paranoazinho

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postado em 18/12/2008 08:20
A área de 800 hectares às margens da DF-425 na região de Sobradinho, cobiçada por empresários da construção civil, não poderá ser parcelada e terá que permanecer como zona rural. O projeto de revisão do Plano Diretor de Ordenamento Territorial (Pdot) previa a transformação do terreno em área urbana. Mas uma emenda apresentada antes da votação da proposta na Câmara Legislativa proíbe a construção de empreendimentos na região. O Pdot foi aprovado na madrugada do último sábado, juntamente com um adendo ; apresentado pelo deputado distrital Raad Massouh (DEM). Com isso, os projetos para a edificação de prédios comerciais e residenciais na área serão definitivamente engavetados. O terreno vazio, com espaço equivalente a 800 campos de futebol, faz parte da antiga Fazenda Paranoazinho. A propriedade rural, que pertencia a José Cândido de Souza, foi ocupada irregularmente nas últimas duas décadas. O resultado da grilagem sistemática na região foi o surgimento de 56 condomínios, onde vivem hoje 38 mil pessoas. Mas a área que fica entre a DF-150 e a BR-020 permaneceu intocada diante da onda de invasões. O terreno vazio representa o equivalente a 45% dos 1,5 mil hectares da antiga propriedade rural. Este ano, os herdeiros da fazenda fecharam acordo com uma grande construtora de São Paulo, o grupo Birmann, formando a empresa Paranozinho Urbanizadora S.A. O objetivo da parceria era regularizar os parcelamentos já existentes e também construir novos empreendimentos na área vazia. O interesse em torno do imóvel era grande. Uma guarita foi instalada no terreno e seguranças faziam rondas em motos para evitar qualquer chance de invasão. O deputado Raad Massouh explica que elaborou a emenda 196 ao Pdot para evitar danos ao meio ambiente. Morador de Sobradinho, o parlamentar diz que a ocupação urbana na região poderia trazer danos ao ribeirão que corta a cidade. ;Essa é a única área verde da região, seria inconcebível colocar mais de 40 mil pessoas naquele terreno. Já temos problemas sérios de tráfego em direção ao Plano Piloto, não há espaço para mais moradores e carros;, justificou Raad. A revisão do Pdot transformou os condomínios da região, que engloba os setores Grande Colorado, Contagem e Boa Vista, em urbanos. A emenda, portanto, atinge apenas as áreas vazias da Paranoazinho. Os parcelamentos já existentes poderão ser regularizados. Preocupação A presidente da União dos Condomínios Horizontais, Júnia Bittencourt, contou que havia uma grande preocupação entre os moradores por conta da parceria dos proprietários da fazenda com empresários paulistas. ;Assumimos a responsabilidade pelo processo de regularização e trabalhamos intensamente para resolver o problema da área. De repente, chega uma empresa e adquire os direitos sobre os terrenos. É claro que a comunidade fica com receio, sobretudo com relação ao preço que será cobrado pelos lotes;, explica. Antes da aprovação do Pdot, a empresa interessada em construir na área já tinha prontos projetos para a edificação de empreendimentos residenciais e comerciais na área. A idéia era fazer prédios de seis ou sete andares em meio a parques e ciclovias, com lojas e equipamentos públicos. A inventariante do espólio de José Cândido de Souza, Maria Angélica de Souza Dias Gerassi, lamentou a aprovação da emenda. ;Isso é uma arbitrariedade. Se não houver ocupação ordenada e planejada, virão novas invasões;, afirmou. Já o gerente de Regularização de Condomínios, Paulo Serejo, diz que a aprovação da emenda ao Pdot inviabiliza o projeto para ocupação da área da antiga Fazenda Paranoazinho. Mas ele acredita que esse não é o melhor destino para o terreno. ;Do ponto de vista urbanístico, acho que não foi a melhor saída. A área está no meio de um grande aglomerado urbano e é muito visada;, justifica.

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