Cidades

Novas onças divertem e se divertem em criadouro próximo a Cocalzinho (GO)

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postado em 17/01/2009 08:31
Seu andar é silencioso. As pintas pretas na pelagem amarela formam mosaicos e desenhos de beleza ímpar. Mas basta encarar os olhos selvagens de uma onça pintada para perceber que ali não está um animal qualquer, e sim um grande felino capaz de impor respeito até as almas mais corajosas. Motivo pelo qual as onças, também chamadas de jaguar, eram consideradas sagradas por civilizações antigas, como a Maia. Mesmo assim, a onça virou um animal em vias de extinção, especialmente por necessitar de um território amplo para habitar que é ameaçado por ocupações humanas. O que produz histórias como a de Brutus e Zagaia, duas jovens onças que encontraram um lugar para morar no fim de 2008. Os animais encontram-se em recintos construídos só para eles em um criadouro para grandes felinos, próximo a Cocalzinho (GO) ; a 80km de Brasília. O criadouro pertence à Organização Não-Governamental Nex (Não à Extinção), que trabalha há oito anos na preservação de espécies ameaçadas, como a onça pintada (Panthera onca), a suçuarana (Puma concolor), a jaguatirica (Leopardus pardalis) e o gato-do-mato (Leopardus tigrinus). Com a chegada de Brutus e Zagaia, o número de animais atendidos pela organização subiu para 13, seis deles onças. Brutus e Zagaia ainda estão em fase de adaptação ao novo ambiente. O contato com os homens não é estranho a nenhum dos dois, que carregam histórias semelhantes. Ambos foram encontrados na mata e adotados por famílias humanas. O homem que achou Brutus pouco depois de nascer em uma fazenda do Mato Grosso o entregou ao casal Marcos Vinicius Gonçalves e Jucielma Aparecida. Afastado da mãe e ainda muito novo para se cuidar sozinho, o animal corria risco de vida e não conseguia pegar a mamadeira para se alimentar. No entanto, Jucielma garantiu a sobrevivência dando de amamentar do próprio peito para o jaguar. No caso de Zagaia, índios Karajás moradores do Rio Araguaia, na região da Ilha do Bananal (TO), a encontraram ainda recém-nascida na mata. Levada para a tribo, a onça cresceu no meio de pessoas que não tinham prática nem costume de criar animais como ela. E os índios começaram a ficar preocupados depois que Zagaia chegou na fase subadulta (aproximadamente oito meses). Maior e mais forte, as brincadeiras de Zagaia com cachorros e crianças passaram a ficar mais perigosas, o que levou os Karajás a entregarem o animal para representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Brutus teve destino semelhante. As onças acabaram no Centro de Triagem do Ibama em Goiânia. Chegaram no criadouro mantido pela Nex em dezembro do ano passado, onde têm sido tratadas com todo o cuidado que merecem. Brutus, seis meses, e Zagaia, dois anos, comem uma vez por dia e recebem consulta veterinária ao menos uma vez por semana. Os animais ainda contam com um espaço projetado para lhes permitir um desenvolvimento pleno. Os recintos contam com piscinas, tocas, vegetação. ;Tratam-se de animais que não sobreviveriam sozinhos caso fossem soltos. Por terem sido criados em cativeiro e distante das mães, essas onças não aprenderam a caçar;, explicou a veterinária Rebecca Martins Cardoso, 33 anos. Uma vez por semana, ela visita o criadouro e procura saber as condições de saúde de todos os animais. A Nex conta com ajuda de parceiros e do Ministério Público para cuidar dos grandes felinos. Colaboradores também auxiliam na manutenção do criadouro, que pode ser visitado por grupos acima de 10 pessoas, sempre nos fins de semana. As visitas monitoradas podem ser marcadas pelo site (www.nex.org.br).

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