Cidades

PM causador de acidente é reprovado no bafômetro

Sargento bate em um carro e uma moto, ferindo duas pessoas. Teste comprova que o militar havia bebido antes de dirigir

postado em 22/01/2009 08:21
Sete meses e um dia após a lei que proibiu a ingestão de álcool por quem vai dirigir entrar em vigor, quem deveria dar o exemplo andou aprontando nas vias do Distrito Federal. O sargento da Polícia Militar Luiz Antônio Bezerra da Silva, 41 anos, bebeu, assumiu o volante do carro, feriu duas pessoas ao bater em uma moto e um veículo, saiu sem prestar socorro e acabou na delegacia. Duas horas e meia depois do acidente, no fim da tarde de terça-feira, o bafômetro acusou a presença de 1,22mg de álcool por litro de ar expelido. Não foi a primeira vez. De acordo com informações da 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga), o militar responde a inquérito por dirigir embriagado em 2006. Luiz Antônio Bezerra da Silva, lotado no 6º Batalhão Escolar da PM, localizado no Guará, seguia sozinho para Taguatinga, na avenida que liga Samambaia às QNLs. Segundo testemunhas, por volta das 18h30, ele trafegava na faixa da esquerda no Palio vinho placa JIE 9115-DF. À frente dele, estava a secretária Jaqueline Moraes, 42 anos, no Clio placa JFW 5530-DF. ;Ele vinha em ziguezague e colou na traseira do meu carro;, contou ela. Para ultrapassar a mulher, o sargento teria jogado o veículo para a faixa central, onde os amigos Thiago Medeiros e João Paulo de Souza, ambos de 26 anos, seguiam em uma moto Biz placa JJB 2572-DF. ;Ele bateu na gente e voltou para a esquerda, batendo no carro da Jaqueline;, lembrou o impressor Thiago. Mesmo após os choques, o sargento teria ficado indiferente. ;Ele só parou perto de um semáforo, depois de ser cercado por motoqueiros que viram o acidente e de eu colocar o carro na frente do dele;, detalhou a motorista do Clio, que seguiu o homem. Jaqueline bateu na janela do carro e pediu que Luiz Antônio descesse. Mas o militar se recusou. A mulher então arrancou a placa dianteira do militar e guardou consigo. Logo depois, os bombeiros socorreram os passageiros da moto e os levaram para o Hospital Regional de Taguatinga. João, que trabalha como vendedor, fraturou o pé esquerdo e teve cortes na perna esquerda. Thiago apresentou luxação e escoriações no braço esquerdo. Só com a chegada de agentes do Departamento de Trânsito do DF, segundo testemunhas, o morador de Ceilândia saiu do carro cambaleando e com a fala enrolada. Apesar dos sinais de embriaguez, recusou-se a fazer o teste do bafômetro. ;Ele nos disse: ;Eu sou da PM e sei que isso aqui não vai dar em nada;;, relatou Jaqueline. Mas na 12ª DP, o sargento acabou passando pelo bafômetro: 1,22mg/l. ;Já tínhamos inquérito contra ele, flagrado embriagado ao volante em 2006;, observou o delegado Alberto Passos. Mesmo com o histórico, Luiz Antônio pagou fiança mínima (R$ 670) e foi liberado. Ele também responderá por lesão corporal e ; caso condenado ; pode pegar até cinco anos de prisão. Os veículos envolvidos no acidente foram deixados na 12ª DP para a realização de perícia. Processo disciplinar O Correio entrou em contato com o sargento Luiz Antônio Bezerra da Silva. Ele atendeu o telefone, mas ao saber que a reportagem trataria da ilegalidade cometida anteontem, desligou. Outras duas tentativas de ligação acabaram na caixa postal do celular. Por meio da assessoria de imprensa, a PMDF se limitou a informar que vai instaurar processo disciplinar para apurar os fatos. As vítimas prometem recorrer à Justiça para não ficar com os prejuízos causados pelo militar embriagado. ;Meu carro está com a porta amassada, e os meninos estão machucados. Algo deve ser feito, não é pelo fato de ele ser policial que deve ficar acima da lei;, argumentou Jaqueline Moraes.

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