postado em 29/01/2009 09:10
A Fundação Zerbini marcou uma data para encerrar definitivamente o período em que esteve à frente do Instituto do Coração do Distrito Federal (Incor-DF): 30 de março. A entidade definiu a rescisão do contrato e a data de entrega do hospital. A partir da próxima semana, a administração do Incor dá início ao processo de transição. O Ministério da Defesa, dono da área onde está o instituto, afirma que o atendimento ao público não sofrerá alterações.
A rescisão do contrato de cessão de uso do hospital, firmado em outubro de 2000, foi oficializada na última terça-feira. A Zerbini negociava o desligamento havia cerca de um ano. ;Ele ocorre dentro do contexto da reestruturação administrativa e financeira da entidade, iniciado em 2007, segundo o qual a fundação passa a se concentrar exclusivamente no apoio ao Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (em São Paulo);, detalha a nota enviada pela Zerbini.
A assessoria do Ministério da Defesa (MD) não confirma o nome da próxima entidade que administrará o hospital. O órgão informou apenas que, até a saída da fundação, a questão será resolvida. No início do mês, o ministério esteve em negociação com o Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul (IC-RS). Na ocasião, integrantes do MD afirmaram que poderiam anunciar uma decisão na semana seguinte, mas o caso segue em aberto.
Crise antiga
Em novembro de 2006, o Incor-DF deu os primeiros sinais de crise e anunciou a demissão de 20% dos 560 funcionários. Uma dívida de R$ 245 milhões no Incor-SP seria o motivo do corte. O governo de São Paulo repassou recursos para diminuir o rombo, mas exigiu exclusividade para a unidade paulista, além de corte de pessoal e redução de salários acima de R$ 16 mil. A verba veio de um empréstimo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) no valor de R$ 120 milhões. Na época, o Ministério Público interveio no caso com uma ação civil pública para evitar o fechamento do hospital em Brasília.
A Zerbini solicitou a saída do hospital para 19 de dezembro de 2008, mas o Ministério da Defesa pediu que antes disso a fundação sugerisse um nome para a substituição. A indicação foi enviada na segunda quinzena de dezembro. Por isso, o prazo foi estendido. Segundo a nota divulgada pela Zerbini, ;o processo de definição do novo gestor está a cargo do Ministério da Defesa;. O texto informa ainda que o desligamento da fundação inclui a gradual rescisão de contrato de trabalho dos profissionais do hospital. Com isso, eles ficarão desimpedidos para assinar com a futura administradora.
No ano passado, o governador José Roberto Arruda fez um acordo com o governo de São Paulo e prorrogou o trabalho da Zerbini. O GDF se comprometeu a aumentar os recursos do hospital de R$ 1,25 milhão para R$ 2,3 milhões e a encaminhar mais pacientes provenientes da rede pública de saúde. O Incor-DF atendeu 27,9 mil pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e outros 23,4 mil por planos de saúde ou pagamento particular.
O número
Há quase três anos
o Incor apresentou uma dívida de
R$ 245 milhões
que fez a entidade anunciar a demissão de 560 funcionários