Cidades

Especial: Minha vida daria... Um disco de Maria Bethânia

Os fatos são reais, mas bem que poderiam ser um roteiro de novela, filme, teatro, livro, disco... Conheça a protagonista de um dos enredos publicados na edição impressa da Revista do Correio deste domingo. De tão excepcionais, até parecem ficção

postado em 15/03/2009 11:00
Ouça a história de Beatriz, em um podcast especial do CorreioBraziliense.com.br Beatriz Barmell (foto), 25 anos, é uma jovem intensa, forte. Quando sorri, a recepcionista e estudante universitária o faz às gargalhadas. Quando se chateia, chora demais. Se está feliz, não esconde de ninguém. Se está brava, não deixa o recato impedir o escândalo. O olho do outro, que podia enxergá-la com espanto, não detém o encanto. Ela cresce ao falar dos próprios sentimentos, especialmente da favorita: a alegria. É melhor ser alegre que ser triste alegria é a melhor coisa que existe (Samba da bênção - Vinícius de Morais) Nos relacionamentos, entrega-se. O pensamento não criva o impulso quando Beatriz enxerga uma chance de ser feliz. Adora o turbilhão da paixão à primeira vista. Foi assim desde o primeiro namorado, quando tinha uns 14, 15 anos: o amor invade, se apossa, marca. Quero ficar no teu corpo feito tatuagem que é pra te dar coragem pra seguir viagem quando a noite vem (Tatuagem - Chico Buarque e Ruy Guerra) Com alguns, a decepção foi proporcional à entrega. Términos sofridos, dolorosos, nos quais Beatriz encontrava resposta na fidelidade aos próprios sentimentos. Negue o seu amor, o seu carinho diga que você já me esqueceu pise, machucando com jeitinho este coração que ainda é seu (...) diga que já não me quer negue que me pertenceu e eu mostro a boca molhada e ainda marcada pelo beijo teu (Negue - Adelino Moreira e Enzo de A. Passos) Com Leonardo Garcia, 22 anos, foi diferente. O colega de trabalho tentara uma aproximação mais romântica, mas não teve sucesso num primeiro momento. Quando percebeu, Beatriz estava afrouxando as defesas para o amor do rapaz. Chega de tentar dissimular e disfarçar, e esconder o que já não dá mais pra ocultar e eu não posso mais calar já que o brilho deste olhar foi traidor e entregou o que você tentou conter o que você não quis desabafar e me cortou (Explode coração - Gonzaguinha) Em Leonardo, encontrou alguém como nunca conhecera. Doce e calmo, o rapaz foi capaz de devolver-lhe a vontade de se apaixonar. O meu amor tem um jeito manso que é só seu e que me deixa louca quando me beija a boca a minha pele toda fica arrepiada e me beija com calma e fundo até minh;alma se sentir beijada (O meu amor - Chico Buarque) A resistência inicial era fruto de algumas frustrações ; nem todos os mergulhos de Beatriz foram em águas claras. Traições, descaso e o excesso de cobranças fizeram com que ela reconhecesse mais qualidades em Leonardo. O terceiro me chegou como quem chega do nada ele não me trouxe nada, também nada perguntou mal sei como ele se chama, mas entendo o que ele quer se deitou na minha cama e me chama de mulher foi chegando sorrateiro e antes que eu dissesse não se instalou feito um posseiro dentro do meu coração (Terezinha - Chico Buarque) A pressa natural da juventude faz com que o casal planeje o futuro. São surpreendidos, no entanto, com uma separação: por questões de trabalho, a mãe de Leonardo se mudou para Mato Grosso e ele precisou acompanhá-la. A distância dói, dá melancolia. Hoje eu ouço as canções que você fez pra mim não sei porque razão tudo mudou assim ficaram as canções e você não ficou (As canções que você fez pra mim - Roberto Carlos e Erasmo Carlos) Os longos telefonemas, antes de dormir, povoam as noites de Beatriz com as lembranças do amado. Sonho meu, sonho meu vai buscar quem mora longe, sonho meu (Sonho meu - Délcio Carvalho e Dona Ivone Lara) No carnaval, o reencontro. Um tanto conturbado, é verdade. A ânsia dos quatro dias de folia, potencializados com a saudade, leva o casal a várias discussões. No fim, o entendimento de que a distância leva os amantes a atitudes precipitadas. Eu sei que eu tenho um jeito meio estúpido de ser mas é assim que eu sei te amar (Um jeito estúpido de amar - Isolda e Milton Carlos) Com um beijo, a paz se faz. Novamente, refazem-se as juras de amor Fala baixinho só pra eu ouvir porque ninguém vai mesmo compreender que o meu amor é bem maior que aquilo que eles sentem (Fala baixinho - Pixinguinha e Hermínio Bello de Carvalho) Em novembro, Leonardo deve voltar a Brasília. Beatriz espera que, convivendo juntos, consigam amadurecer o sonho de ambos: formar uma família. Colecionadora de emoções, ela aposta no sonho como já fez outra meia dúzia de vezes. Torce para que dê certo, faz o que está ao alcance. Por quê? Quem já passou por essa vida e não viveu pode ter mais, mas vale menos do que eu porque a vida só se dá pra quem se deu pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não (Como dizia o poeta - Toquinho e Vinícius) E para quem acha que viver com tamanha intensidade é arriscado demais, ela responde com Maysa. E se a alguém interessa saber sou bem feliz assim muito mais do que quem já falou ou vai falar de mim (Resposta - Maysa)
A diva das emoções A carreira da cantora Maria Bethânia despontou no fim da década de 1960, ao substituir Nara Leão no espetáculo Opinião, no Rio de Janeiro. Desde então, sagrou-se como uma intérprete forte, dramática, emotiva à flor da pele ; marca registrada em seus espetáculos. As canções de amor dominam o repertório, sendo a favorita de compositores como Chico Buarque, Gonzaguinha, Arnaldo Antunes e Caetano Veloso, irmão de Bethânia.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação