Cidades

DF é a unidade federativa com maior proporção de ganhadores da Mega-Sena

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postado em 05/05/2009 08:07
Moradores do Distrito Federal são os que mais gastam ; e ganham ; com a Mega-Sena em todo o país. Em 2008, os apostadores locais fizeram mais de 42 milhões de jogos. É como se cada brasiliense tivesse gasto R$ 30,50 com bilhetes durante o ano. Parte do dinheiro investido volta para os bolsos de alguns sortudos. Desde 1998, os 17 bilhetes contemplados no DF arrecadaram a quantia quase inimaginável de R$ 178.951.423,04. Isso significa um prêmio máximo por cada 144.464 habitantes, a mais animadora estatística entre os estados brasileiros. Brasília mantém a fama de pé-quente com as frequentes boladas que recebe nos sorteios. No último sábado, saiu o segundo prêmio principal do ano para um morador da cidade. Um apostador ainda não identificado fez um jogo na lotérica Líder, no Núcleo Bandeirante, e faturou R$ 8.120.883,45. É a metade do valor total de mais de R$ 16 milhões, que ele dividiu com um apostador de São Paulo. Em números absolutos, o estado de São Paulo lidera a lista dos campeões da Mega, com 84 prêmios máximos. No entanto, a relação entre prêmios e número de habitantes perde para o DF. Em SP, a proporção é de um ganhador para cada 474.137 pessoas. Os gastos com apostas também são menores em outras regiões: os paulistas gastam média de R$ 19,96 por ano, seguidos pelos catarinenses, que separam R$ 18,72 da renda para apostas. O Correio calculou os valores com base em dados da Caixa Econômica Federal e da Contagem de População 2007 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Até o fim da tarde de ontem, o novo milionário não havia aparecido para retirar o prêmio. Ele (ela, eles ou elas) não precisa voltar à lotérica ; pode ir a qualquer agência da Caixa e buscar o valor. Para isso, a pessoa só precisará levar o bilhete premiado, carteira de identidade, CPF e comprovante de residência. O sortudo não vê a cor do dinheiro logo de cara. O montante é transferido para uma conta e depois ele pode sacar as notas. A gerente da lotérica Líder, Verônica de Farias, lembra que alguns clientes já levaram boladas de até R$ 50 mil, mas nunca foram contemplados com um prêmio tão alto da Mega-Sena. Os funcionários souberam da novidade na manhã de ontem e começaram o boca a boca. A notícia da conquista sempre aumenta o volume de apostas. ;Estamos na divulgação, já mandamos fazer uma faixa. Com certeza o movimento vai aumentar;, comentou Verônica. O dia foi de filas na lotérica da avenida central do Núcleo Bandeirante. A dona-de-casa Sueli Kimura, 41 anos, foi tentar a sorte pela primeira vez na Líder com jogos da Lotofácil e da Lotomania. ;Pode dar sorte. Com esse dinheiro, ia ajudar minha família e comprar uma fazenda;, disse. O gerente administrativo Clayton Jesus Rolim, 23 anos, também não perdeu a chance de fazer uma fezinha na lotérica premiada. Uma vez por semana, ele joga na Mega e já levou dois prêmios de R$ 300. ;Quando alguém ganha aqui, as pessoas vêm tentar a sorte. Se eu ganhar, vou tirar férias no Rio de Janeiro, comprar um carro e uma casa;, revelou. A correria em busca das lotéricas sortudas, no entanto, não é garantia de sucesso. O fato de dois grandes prêmios terem saído na mesma cidade em curto espaço de tempo não passa de coincidência. ;Cada vez que há um novo sorteio, as chances são iguais para todo mundo. Não é porque uma lotérica foi sorteada que vai ser de novo. O sorteio é independente do anterior;, lembra a professora do Departamento de Matemática da Universidade de Brasília (UnB) Chang Dorea. Ela ressalta que todo bilhete tem a mesma probabilidade de ser premiado. O que multiplica as chances do apostador é a quantidade de bilhetes que ele compra. É bom lembrar que, nesse momento, as estatísticas não são favoráveis ao brasiliense: a possibilidade de o DF ser contemplado duas vezes seguidas é ainda menor. Vida de milionário O que fazer quando R$ 18,9 milhões aparecem na conta bancária? O jornalista Roberto Kuppê, 48 anos, ficou dois meses em estado de choque antes de tomar a decisão. Em 27 de julho de 2007, o ex-morador do Guará entrou na internet para conferir o resultado da Mega e descobriu que estava rico o suficiente para ir a qualquer lugar do planeta e comprar quase tudo o que quisesse. Primeiro, ele levou a família para uma viagem por cidades litorâneas brasileiras. Na volta, passou para a realização de sonhos. ;Eu tinha planos de trabalhar com educação. A primeira coisa que fiz foi montar o Instituto Mateus Moraes, que trabalha com educação, esporte e lazer, e uma casa de apoio para atender pessoas doentes que vêm de Rondônia para Brasília se tratar;, lembrou. Parte do dinheiro foi aplicado em computadores, cestas básicas, bicicletas e outras centenas de materiais doados a comunidades carentes. Roberto abriu uma empresa de mão de obra terceirizada em Brasília e uma produtora no Rio de Janeiro, além de trabalhar com uma banda de rock. Trocou a vida no Guará por um apartamento com vista para a praia e tem imóveis espalhados nas duas cidades. O milionário até hoje escreve uma coluna diária e não pensa em abandonar o trabalho de jornalista. No próximo ano, quer se candidatar a deputado federal pelo estado de Rondônia, onde nasceu. ;Tive muita dor de cabeça por causa desse dinheiro, aparece muita gente picareta para te enrolar. Mas hoje sou um cara feliz. Ando na rua e as pessoas me respeitam. Não tenho ganância com dinheiro, você tem que usá-lo de forma correta.; Depoimento Eu conferi várias vezes, limpava os olhos para ver se era verdade. Conferi até cair a ficha de que era eu mesmo e fiquei em estado de choque. Não falei para ninguém. Fiquei sozinho no sábado e no domingo. Preferi segurar a onda e só contei para meu sobrinho e minha irmã na segunda-feira, quando peguei o prêmio. Descontados os impostos, ficou em R$ 18,9 milhões. Eu variava muito os números, foram três aleatórios e três que mentalizei. Meus amigos perceberam que tinha alguma coisa estranha acontecendo e acabei revelando. Nunca quis ter muito dinheiro. Não tenho vocação para rico. Fiz investimento em imóveis que me dão tranquilidade. Fiquei dois meses em estado de choque e não me alimentava direito. Esbanjei um pouco, mas não muito. Podia ter comprado uma casa de R$ 5 milhões na beira do lago, mas queria um lugar simples para viver. Não adianta ter dinheiro e ver as pessoas sofrendo por aí.

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