Cidades

Viadutos ficarão multicoloridos

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postado em 20/05/2009 10:04
Os viadutos do Distrito Federal começaram a receber diferentes cores. No lugar do cinza do concreto, estão faixas verdes, vermelhas, brancas e azuis. A novidade está nos pilares, na fachada e nas laterais da passagem que liga Samambaia ao Recanto das Emas e também no elevado da Candangolândia. E a ideia da Secretaria de Habitação é colorir todos que sofreram a ação do tempo e também dos pichadores. A proposta é polêmica e deixou preocupados os responsáveis pela ordem urbanística do Plano Piloto e do Distrito Federal. Até o momento, 12 já estão na lista para receber a tinta. É o caso dos viadutos de Santa Maria, do Gama e do Riacho Fundo. Além da dúzia já programada, o secretário de Habitação, Paulo Roriz, planeja colorir a Ponte do Bragueto, que liga a parte norte do DF ao Plano Piloto e o Viaduto Ayrton Senna, que cruza a Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia), próximo à Rodoferroviária. Para essas duas intervenções, é necessário aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A negociação não será nada simples. ;Só pisando por cima do meu cadáver vão fazer isso na área tombada;, garante Alfredo Gastal, superintendente regional do órgão. ;É um absurdo. Estão pensando que isso aqui é a casa da sogra?; Paulo Roriz explica que a proposta é enfeitar a cidade. ;É muito melhor passar por baixo de um viaduto colorido. Nossa ideia é revitalizar as áreas para dar alegria a quem transita;, justifica. A medida faz parte de um projeto trazido de São Paulo ; idealizado pelo arquiteto Ruy Ohtake e feito em parceria com o governo estadual. Lá, pintam-se as casas de famílias com baixo poder aquisitivo para que se criem condições de integrar melhor as comunidades ao espaço urbano. No DF, a ação começou em março em residências. As primeiras escolhidas para receber as demãos de tinta foram as da Quadra 215 de Samambaia. O secretário de Habitação calcula que serão coloridas pelo menos 25 mil casas até dezembro de 2010. ;Trouxemos a proposta de São Paulo e a adaptamos. Colorir viadutos é uma inovação da gente;, orgulha-se. Disfarce O diretor de Patrimônio Histórico e Artístico do DF (Depha), José Carlos Coutinho, questiona a iniciativa. ;Na área tombada não pode. E fora dela é, no mínimo, discutível;, observa. ;Viaduto, por si só, é uma obra de arquitetura com toda uma concepção que deve ter própria beleza;, completa. Para ele, a proposta deveria ter sido debatida com a população. Coutinho questiona até mesmo a pintura das casas: ;É uma maneira de disfarçar a pobreza bastante polêmica;. São muitas as cores escolhidas para cada viaduto. ;Recebemos as tintas e o planejamento de que parte receberá cada cor;, explica o pintor Ismael Alves, 22 anos, que trabalha no projeto há duas semanas. ;Eu achei bonito, mas, infelizmente, vai estar pichado logo;, prevê. Entre os que passam pelos viadutos, a opinião também não é unânime. Ontem, na hora de cruzar o elevado do Recanto das Emas, o pedreiro Luiz Mota Silva, 34, levou um susto. ;Fazia tempo que eu não passava por aqui. Ficou diferente. Não sei se eu gosto, mas, sem dúvida, está melhor do que aquela sujeira.; Leia a matéria completa na edição impressa do Correio Braziliense

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