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Crime na 113 Sul: Principais suspeitos são monitorados

A principal linha de investigação é que dois rapazes conhecidos das vítimas cometeram o crime

postado em 03/09/2009 07:50

A principal linha de investigação é que dois rapazes conhecidos das vítimas cometeram o crimeAry Filgueira Edson Luiz Renato Alves Seis dias se passaram do assassinato de José Guilherme Villela, 73 anos, Maria Carvalho Mendes Villela, 69, e da empregada Francisca Nascimento da Silva, 58, e a polícia afunila a investigação. Os agentes ouvidos pela reportagem acreditam que o crime foi cometido por duas pessoas. Fontes da própria Polícia Civil informaram que os suspeitos de serem os autores do triplo homicídio ocorrido no Bloco C da 113 Sul são ligados à família das vítimas, o que facilitou a entrada deles no apartamento 601/602 dos Villela (o advogado e a mulher reformaram os dois imóveis e os transformaram em uma ampla residência). Apesar de concentrar a apuração nessa hipótese, outra pessoa muito próxima do casal também é investigada. A suspeita do envolvimento de dois jovens conhecidos das vítimas é reforçada pelas imagens do circuito de TV externo de um prédio situado na frente do Bloco C. As câmeras captaram as imagens dos homens, com idade aproximada de 20 anos e de pele morena, correndo em direção ao Bloco E pouco depois das 19h. O crime ocorreu entre as 17h e as 19h de sexta-feira da semana passada. Um dos suspeitos carregava uma mochila nas costas. A fita obtida pela polícia está no Instituto de Criminalística (IC). Os passos dos dois são monitorados 24 horas por dia por agentes disfarçados da 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul) responsável por concentrar as investigações do caso. Um dos suspeitos tem passagem na polícia por roubo. Ele foi denunciado pelo Ministério Público em 2006. Na ocasião, o filho do casal Villela, o também advogado Augusto Villela, defendeu o acusado. Augusto trabalhava no escritório dos pais que fica situado no Setor Comercial Sul. O processo correu na 1; Vara Criminal de Ceilândia. O jovem acabou condenado a cinco anos e quatro meses de prisão em regime semiaberto. Ele recebeu o benefício de recorrer em liberdade. Outra possibilidade de a polícia chegar aos culpados são as digitais encontradas no apartamento do casal. Os peritos analisam duas que podem facilitar o serviço dos investigadores. No dia do crime, os bandidos deixaram marcas de sangue em um copo e na faca que foi utilizada para matar as três vítimas na sexta-feira. A perícia também identificou várias digitais na porta de serviço do apartamento ; resta saber de quem são. Por orientação da Direção da Polícia Civil, a delegada responsável pelo inquérito, Martha Vargas, decidiu se calar sobre o trabalho investigativo. Ontem, ela driblou o batalhão de repórteres que fez campana na porta da unidade policial atrás de informações do caso. No fim da tarde, convocou 12 operários que faziam reforma em apartamentos situados no Bloco C e também em um prédio vizinho, o F. Os pedreiros concluíram há três semanas a obra em um apartamento situado no 5; andar do edifício onde o crime ocorreu. Eles foram ouvidos como testemunhas, mas todos tiveram as impressões digitais colhidas. A delegada também mandou chamar a neta do casal assassinado, Carolina. O depoimento dela durou algumas horas. Ao contrário do que havia sido divulgado inicialmente, Carolina não chegou a ver os corpos no apartamento da 113 Sul. Antes de ir ao local, ela ligou para amigos das polícias Federal e Civil. Quando o grupo chegou à casa da família Villela e a porta foi aberta por um chaveiro, um dos rapazes entrou antes na residência, sentiu o cheiro forte e avistou um corpo. Ele voltou correndo para evitar que a neta visse a cena. 72 facadas Os corpos de José Guilherme Villela, Maria Villela e Francisca Nascimento foram encontrados na segunda-feira à noite dentro do apartamento. O cadáver do advogado estava no corredor que liga os dois imóveis perto da cozinha. Próximo dele, foi achado o da empregada. Na outra extremidade da passagem, estava a mulher. Depois do corredor, fica o closet de Maria, onde havia joias Segundo os investigadores, foram levados itens como um anel, pulseiras de ouro, um colar de pérolas e um cordão com pingente de cor azul e em forma de coração. Ninguém mexeu no closet do marido, onde dólares e cheques de viagem estavam guardados. A polícia confirma o latrocínio. Ontem à noite, os investigadores voltaram ao prédio para nova perícia. [SAIBAMAIS]Laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) que o Correio teve acesso constatou que as vítimas levaram 72 facadas. O advogado José Guilherme Villela foi o mais atingido. Os peritos detectaram 38 perfurações, sendo 26 na região do peito e 12 pelas costas. Já a mulher dele, Maria Carvalho, recebeu 12 golpes e Francisca, 22. A polícia apreendeu a arma utilizada no crime: uma faca de 16cm. Os parentes da vítimas não reconheceram a faca como sendo do casal. Villela foi ministro do TSE e defensor do então presidente Fernando Collor de Melo durante o processo de impeachment. Maria Villela trabalhava com o marido no escritório de advocacia da família.

Porta de serviço do apartamento 601/602 do Bloco C: marcas de digitais

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