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Brasiliense vive três anos a mais

Quando um bebê nasce na capital do país, a expectativa é de que ele viva pelo menos até os 75,6 anos. São quase três anos além da média nacional, o que coloca o Distrito Federal no topo do ranking da esperança de vida ao nascer

postado em 22/10/2009 08:21
Aos 76 anos de idade, Divina (e) esbanja vitalidade. Ela caminha, dança e gosta de encontrar os amigosQuem nasce no Distrito Federal tem chances de viver mais do que pessoas nascidas em outros estados. A pesquisa Síntese de Indicadores Sociais, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que a expectativa de vida do brasiliense aumentou nos últimos 10 anos e, hoje, é a maior do país. Atualmente, as crianças que nascem na capital da República devem viver, em média, 75,6 anos ; três anos a mais do que meninos e meninas que vieram ao mundo no fim da década de 1990. O crescimento se explica, principalmente, pela redução dos níveis de mortalidade infantil local (11,1 para cada mil nascidos vivos) e pela melhoria da qualidade de vida do brasiliense.

Segundo a pesquisa, em 1998, o DF ocupava o terceiro lugar no ranking das unidades da Federação cuja população, ao nascer, tinha chances de ter uma vida mais longa. À época, a esperança era de que os recém-nascidos brasilienses alcançassem a idade média de 72,6 anos. Eles só perdiam para os paranaenses e gaúchos, que estavam na frente na corrida da longevidade. Dez anos se passaram e o cenário mudou. Hoje, quem ocupa o topo da lista são os filhos da capital do país (veja quadro).Nayara, com os filhos Lerre e Maria Eduarda: mais investimento

;E já não era sem tempo. Apesar dos problemas evidentes que temos no nosso sistema público de saúde, ele ainda é o melhor do país. A mortalidade no DF tem caído progressivamente. Temos postos de saúde em cada cidade, um ótimo programa de imunização, entre outras coisas. As pessoas estão tendo melhores condições sociais e de saúde do que há 10 anos;, afirma o chefe do Centro de Medicina do Idoso do Hospital Universitário de Brasília (HUB), Renato Maia.

Ele destaca que o aumento de três anos na esperança de vida é muito significativo e que esse prolongamento pode ser estendido aos idosos, mas não na mesma proporção. ;Eles são beneficiados pela melhoria nos serviços públicos, na organização social e na renda do DF;, diz. Praticante de dança cigana, Divina Gomes Teixeira, 76 anos, trocou a capital goiana por Brasília há 20 anos e acha que fez uma ótima escolha. ;Comecei a fazer atividade física aqui e hoje não vivo sem. Acho que o idoso tem muito o que aproveitar na cidade. Ando nas calçadas da Octogonal, aprecio o verde e a tranquilidade. E ainda adoro encontrar meus amigos;, conta.

Mulheres


Quando um bebê nasce na capital do país, a expectativa é de que ele viva pelo menos até os 75,6 anos. São quase três anos além da média nacional, o que coloca o Distrito Federal no topo do ranking da esperança de vida ao nascerA alta renda per capita em Brasília impacta diretamente a melhoria da qualidade de vida dos moradores da capital. Mais dinheiro no bolso significa melhores alimentos na mesa, mais medicamentos no armário, melhores escolas e mais opções de lazer e segurança. Do ponto de vista econômico, os dados indicam que os brasilienses poderão permanecer por mais tempo no mercado de trabalho. Para o integrante do Conselho Regional de Economia (Corecon-DF), Júlio Miragaya, se o tempo de vida tende a aumentar, a legislação previdenciária terá que mudar. ;Se a idade das pessoas tende a prolongar, significa que o encargo sobre as outras que estão ativas cresce;, analisa o especialista.

A tendência de as pessoas viverem mais não é exclusiva da população do DF. A média nacional também cresceu e saltou de 69,7 anos, em 1998, para 72,7 anos, em 2008. A pesquisa do IBGE mostra ainda que a vida média ao nascer, entre 1998 e 2008, cresceu 3,2 anos entre as mulheres com a situação bem mais favorável que a dos homens (o número passou de 73,6 para 76,8 anos, para elas, e 65,9 para 69,3 anos, para eles). Sorte da pequena Maria Eduarda Caetano, de 4 meses, que hoje tem oportunidade de viver melhor do que o irmão Lerre, de 9 anos, teve nos primeiros anos de vida.

A mãe das crianças, a professora Nayara Frota Caetano, 26, admite que há diferença entre a sua situação atual e a de quando ficou grávida do primeiro filho. ;Minha situação financeira era diferente e hoje poderei investir em mais coisas para ela. Já estou pensando em colocá-la no berçário e na aula de natação. Isso vai ajudá-la a ter mais contato com crianças;, diz. No entanto, a professora acredita que conseguirá melhorar a vida dos dois filhos porque hoje a cidade oferece mais a ela. ;Temos acesso à modernidade e à melhoria da renda, (1)mas isso também traz transtornos. Veja como é o tumulto do trânsito hoje;, ressalta Nayara.


1 - Renda alta
A renda média do brasiliense é a mais alta do país. Em 2008, estava em R$ 2.117, mais que o dobro da média nacional, de R$ 1.036. A segunda colocada no ranking, São Paulo, tem um salário médio de R$ 1.290, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do IBGE.

O número

72,7 anos
Expectativa de vida média do brasileiro projetada pelo IBGE

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