Cidades

Chave do apartamento dos Villela, encontrada na casa de um dos suspeitos, dá novo fôlego à investigação

Guilherme Goulart
postado em 06/11/2009 08:53
Depois de encontrar a chave que abre o apartamento do casal Villela e prender dois homens que estariam de posse dela, a polícia segue à caça de outros suspeitos de participar do triplo homicídio na 113 Sul. Ambos são parentes de um dos acusados que foram detidos na noite da última terça-feira. Uma fonte policial explicou ao Correio que o crime ocorrido na 113 Sul em 28 de agosto contou com o envolvimento de mais dois homens. Eles seriam primos do suspeito identificado como R.Q. Os que ainda continuam livres estão em localidades diferentes: um deles reside em Ceilândia e o outro fugiu para São Paulo. O outro homem detido há três dias tem 23 anos e é identificado pelas iniciais A.P.

A delegada Martha Vargas, chefe da 1; Delegacia (Asa Sul) e líder das investigações, chegou aos dois homens por meio de uma denúncia anônima. Na casa de A.P., em Vicente Pires, encontrou um molho de chaves. Ela se dirigiu à SQS 113 por volta das 3h de quarta-feira e conseguiu abrir a porta de serviço do imóvel 601/602 do Bloco C, onde morava o casal de advogados José Guilherme Villela, 73 anos, e Maria Carvalho Mendes Villela, 69. Eles e a empregada Francisca Nascimento da Silva, 58, acabaram assassinados a facadas no local.

;Essa é a primeira prova material do crime;, afirmou Martha Vargas. Ao longo da quarta-feira, a delegada colheu depoimentos que fortaleceram os indícios contra a dupla. Um dos porteiros do Bloco C e dois moradores da 113 Sul reconheceram um dos suspeitos e disseram que o viram circulando pela quadra dias antes do triplo homicídio. A.P. e R.Q. eram colegas, teriam se conhecido na W3 Sul. O Correio conversou, na noite de ontem, com duas jovens que afirmaram ser sobrinhas do primeiro. As garotas compareceram à 1; DP para prestar esclarecimentos. Segundo elas, R.Q. mudou-se para a casa de dois cômodos de A.P no início desta semana. Teria ido a convite do tio delas. A. P. arranjou emprego para R.Q. numa loja que fabrica esquadrias em Vicente Pires. ;Meu tio sentiu pena dele e resolveu deixá-lo em casa morando temporariamente;, explicou uma das sobrinhas.

Ela e a irmã depuseram ontem por aproximadamente quatro horas. Contaram à delegada Martha Vargas que, embora não dormissem no mesmo quarto, os homens utilizavam o cômodo para trocar de roupa. Foi justamente no chão desse dormitório que os policiais encontraram a prova incriminadora. De acordo com investigadores, a chave estava num chaveiro com várias outras, essas da loja onde os dois trabalhavam como montadores.

A ação da polícia na casa dos dois acusados ocorreu por volta das 23h de terça-feira. R.Q. foi preso ali. Já o tio das testemunhas estava na residência do irmão, no Núcleo Bandeirante. Ontem, o advogado de A. P., Edmar Vieira de Santana, retornou à delegacia da Asa Sul, mas não conseguiu falar com a delegada Martha Vargas nem com seu cliente. ;A prisão dele (A.P.) foi ilegal. Além de pedir a sua liberdade, vamos entrar na Justiça com uma ação de indenização, pois meu cliente é inocente;, afirmou. A alegação do defensor se baseia no fato de a dupla ter sido detida antes de decretada a prisão temporária deles. Isso seria considerado inconstitucional. A delegada explicou, porém, que não prendeu, mas apenas deteve um dos suspeitos por uso de crack(1) e levou o outro à delegacia na condição de testemunha. O mandado expedido na quarta-feira veio como consequência do surgimento da prova da chave.

A polícia ainda precisa verificar se A.P e R.Q. têm alguma relação com os dois homens mantidos no Departamento de Polícia Especializada há mais de um mês. Há suspeitas de participação deles no crime, mas nenhuma prova que garanta o indiciamento.

Prorrogação
O promotor Maurício Miranda, do Tribunal do Júri de Brasília, deve decidir hoje sobre a prorrogação do inquérito responsável pelo triplo homicídio ocorrido na Asa Sul. Ele pretendia chegar a uma definição ainda ontem, mas a quantidade de papel atrasou o trabalho. ;Recebi quatro volumes de inquérito. Quero analisar tudo;, afirmou. Miranda avalia os primeiros 60 dias de apuração para decidir se oferece mais 30 dias para a 1; Delegacia de Polícia, na Asa Sul, resolver o mistério em torno dos assassinatos. Ainda se mantém a possibilidade de o caso ser trocado de unidade policial. Poderia ser repassado para a Coordenação de Investigação de Crimes Contra a Vida (Corvida), delegacia especializada em homicídios.


1- Dependência
A delegada Martha Vargas afirmou que um dos suspeitos é filho de um morador da 112 Sul. De família de classe média alta, ele teria saído de casa devido ao envolvimento com drogas, principalmente crack.

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