Cidades

Blindagem de veículos está em crescimento no DF

Em 2009, a cada mês, 16 carros recebem materiais resistentes a tiros. Média em 2006 era de seis veículos

Guilherme Goulart, Adriana Bernardes
postado em 22/11/2009 08:02

Blindar um carro, como um Corolla, chega a custar R$ 39 mil: aumento da procura levou empresa brasiliense a ofecerer uma opção mais simples

A Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores (Fenavist) levantou que em 2005 a segurança privada na capital do país movimentou R$ 777 milhões. A tendência é de aumento tanto no DF quanto no Brasil, mas nenhum representante de sindicato local arrisca uma estimativa atualizada porque a violência urbana cresce em todas as regiões administrativas ; em 2004, grupo de estudos de violência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) calculou o custo da violência no Brasil em cerca de 5% do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, R$ 92,2 bilhões.

O último balanço da criminalidade divulgado pela Secretaria de Segurança Pública mostra a vulnerabilidade do patrimônio público e privado no DF. As delegacias de polícia registraram 50.856 crimes (88% do total) relacionados a roubo ou furto em ônibus do sistema de transporte, lojas, residências e veículos. Dos 22 crimes listados pelo órgão, 19 tiveram aumento nos primeiros seis meses de 2009 em comparação com o mesmo período do ano passado. Desses, 16 são contra o patrimônio. A ascensão do roubo a coletivos surpreendeu: pulou de 377 para 685 casos.


[SAIBAMAIS]


A quantidade de assaltos a veículos também chamou a atenção no primeiro semestre. A média mensal subiu de 144 casos em 2008 para 236 neste ano. A insegurança fez com que muitos brasilienses procurassem alternativas para se sentirem mais protegidos dentro do próprio carro. Uma delas é a blindagem. Em Brasília, há uma loja especializada ; outras mandam os veículos para São Paulo ou Rio de Janeiro. A Safety Car está no mercado há sete anos. E registra crescimento de cerca de 30% nos pedidos desde 2004. Houve 22 em 2008. Neste ano, até agora, já são 28.

Diária a R$ 1,8 mil
Segundo o proprietário da empresa, Amilzio Júnior, empresários locais são os clientes mais comuns. Pagam até R$ 39 mil para ter o carro, a maioria Corolla, revestido com materiais capazes de resistir a tiros de revólveres, pistolas e fuzis (leia arte). O alto custo do serviço o obrigou a lançar recentemente a opção de um revestimento mais simples. ;Fazemos agora o do tipo 1, com material mais leve e resistente a calibres também mais leves. Sai por R$ 15 mil e fica mais acessível;, disse. Júnior também aluga veículos blindados. Artistas, políticos e empresários pagam de R$ 600 a R$ 1,8 mil a diária.


Em 2009, a cada mês, 16 carros recebem materiais resistentes a tiros. Média em 2006 era de seis veículos


Carros com câmeras
A maior iniciativa por investimento em blindados também se reflete nas estatísticas do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) ; é obrigatório aos proprietários de veículos considerados especiais preencher um cadastro nos órgãos locais de trânsito. Houve 72 registros em 2006, uma média mensal de seis. Até maio deste ano, 84 (média de 16,8 por mês). O serviço de blindagem no país é controlado pelo Exército brasileiro desde 1999. Aparece na mesma lista das armas de fogo e dos explosivos e demais equipamentos bélicos.

O aumento da criminalidade no Distrito Federal no primeiro semestre fez com que a Secretaria de Segurança Pública do DF reagisse no segundo semestre. No último dia 5, o Governo do Distrito Federal (GDF) entregou à Polícia Civil, à Polícia Militar e ao Corpo de Bombeiros 734 veículos (caminhonetes, vans, motos, carros caminhões e ambulância), sendo que 263 estão equipados com câmeras de vídeo e computador de bordo. As imagens gravadas serão acompanhadas pela Central Integrada de Atendimento e Despacho (Ciade). O investimento na compra de equipamentos chega a R$ 46,4 milhões.

Postos comunitários
Além das novas aparelhagens, o comando da PM optou pela alteração de parte do policiamento ostensivo realizado nas ruas da capital do país. Cerca de 150 duplas de policiais militares, conhecidos como Cosme e Damião, percorrem áreas residenciais e comerciais. Muitos desses PMs entram na escala em dias de folga e recebem gratificações pelo serviço extra.

Neste ano, o GDF ainda instalou 100 postos comunitários de segurança em todas as regiões administrativas do DF. A meta é chegar aos 300 até o fim do próximo ano.

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