Cidades

Família brasiliense tende a diminuir

Mas, de acordo com a pesquisa da Codeplan e doIBGE, isso não significa que a população vai parar de crescer, apenas que os casais terão menos filhos e a taxa de mortalidade infantil será menor em 2030

Juliana Boechat, Mariana Flores
postado em 24/11/2009 07:15
Mas, de acordo com a pesquisa da Codeplan e doIBGE, isso não significa que a população vai parar de crescer, apenas que os casais terão menos filhos e a taxa de mortalidade infantil será menor em 2030Nos próximos 20 anos, a média dos moradores do Distrito Federal vai envelhecer mais de cinco anos. Viverá cerca de três anos e meio a mais e um número cada vez menor de crianças nascerá. Mas elas terão o dobro de chances de sobreviverem ao primeiro ano de vida. A taxa de mortalidade infantil ; número de óbitos em relação ao número de nascimentos multiplicado por mil ; estimada em 15,4%, em 2010, deve chegar a 8,8% em 2030.

Os números constam na pesquisa Indicadores sociodemográficos prospectivos para o Distrito Federal 1991-2030 divulgados ontem pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As projeções servem para o governo planejar políticas sociais de curto, médio e longo prazo. É preciso se programar: a população do DF continuará crescendo. O volume estimado para 2030 é de 3,2 milhões, o dobro da quantidade de pessoas que viviam na capital federal em 1991 e 600 mil pessoas a mais do que no ano que vem.

Em 2010, o brasiliense terá, em média, 29,5 anos. Em 1991, a idade era bem menor, de 24,3 anos. Em 2030, deve crescer para 35,3 anos, resultado do envelhecimento da população. ;É preciso dimensionar programas de governo para essa nova realidade, investindo em saúde, transporte e lazer para idosos;, afirma o presidente da Codeplan, Rogério Rosso. Um dos motivos é a diminuição da natalidade. À época da criação da cidade, em 1960, as famílias tinham, em média, 6,9 filhos. A taxa do DF ; relação entre o número de crianças nascidas e a população total, multiplicado por mil ; de 1,83, é a sétima menor do país, média de 1,87, e se aproxima do índice de países desenvolvidos, sendo igual à registrada na Finlândia (1,83) e inferior à dos Estados Unidos (2,09).

Despesas
Os custos elevados e a falta de tempo contam para a redução do número de filhos. A professora Keyla Cristina Fernandes de Aguiar, 37 anos, teve a primeira filha, Luiza, há cinco meses. Ela e o marido sempre compartilharam a ideia de ter dois filhos. Keyla, no entanto, se preocupa com o gasto em educação e o tempo de dedicação à criança. ;Hoje, não se pode ter um filho só porque quer ter. Tem despesa com colégio, esporte, saúde. É importante ter uma estrutura e um planejamento antes de engravidar;, explicou. A geração de Keyla é a primeira a ter poucos filhos. O pai dela tem oito irmãos. O marido, quatro. ;Antigamente, podíamos deixar a criança mais solta, brincando na rua, era tudo mais fácil. Hoje, temos cada vez menos tempo para cuidar das crianças;, disse.

Ao contrário do que se pensa, a idade em que as mulheres engravidam está caindo no DF. Em 1991, elas tinham filhos, em média, com 27 anos. No ano que vem, a idade deve cair para 25,5 anos e, em 2030, deve chegar a 24,4 anos.

Levantamento
Os dados foram estimados pela Codeplan, em um trabalho conjunto com o IBGE e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). Os órgãos fizeram projeções para a síntese da dinâmica demográfica do Distrito Federal recente e um provável cenário para 2030, destacando o comportamento dos níveis e padrões de fecundidade, mortalidade e migração.


Vida até os 80 anos
O envelhecimento da população tem origem não só na queda dos nascimentos, mas, também, no aumento da longevidade. Em 1991, eles viviam, em média, 68,7 anos. No ano que vem, a expectativa de vida ao nascer deve chegar a 76,3 anos, o maior índice do país e o mais próximo das nações desenvolvidas, como a Suíça, onde a pessoa vive, em média, até os 81,8 anos. Em 2030, a expectativa chegará 79,9 anos. ;Será preciso investir em infraestrutura social e física, além de mudanças nos prédios, ruas, calçadas, ônibus, além de equipamentos de saúde, lazer e segurança;, diz o professor do Núcleo de Estudos Urbanos Regionais da Universidade de Brasília Sérgio Ulisses Jatobá.

Uma série de nichos devem surgir, segundo o professor do mestrado em gerontologia da Universidade Católica de Brasília Vicente Faleiros. ;O mercado imobiliário terá que se adaptar, e os serviços de saúde terão que investir em atendimento domiciliar. Haverá ainda mercado para cuidadores de idosos, cursos de dança e de informática, por exemplo. Os idosos têm que se preparar para o diálogo com as novas gerações;, diz. Em 2030, as mulheres viverão quase sete anos a mais do que os homens. Eles estão mais sujeitos a mortes naturais, mas, também, por causas externas.
<i>Keyla Cristina teve a primeira filha há cinco meses e é um exemplo da geração que pretende ter poucos filhos, no máximo dois, consciente que qualidade de vida exige investimento</i>

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