Cidades

Vice, Paulo Otávio, seria plano B para o Democratas

postado em 04/12/2009 07:27
O Democratas caminha para decidir pela expulsão do governador José Roberto Arruda de seus quadros, mas não pensa em perder o controle do Governo do Distrito Federal. Para isso, concentrará forças na manutenção do vice de Arruda, Paulo Octávio, no mandato e no partido. A estratégia parte do pressuposto que não existem fatos concretos contra Octávio, embora ele seja citado no inquérito da Polícia Federal (PF) como beneficiário de suposto esquema de distribuição de propina a aliados e a assessores do GDF. Paulo Octávio durante entrevista: para caciques do Democratas, escândalo não atinge o vice-governador"Tem algum fato que comprova o envolvimento dele? Sobre suposições, tudo pode ser tratado. Em tese, é o governador que está encrencado. É ele (Arruda) quem está na gravação", resume um cacique do DEM. Paulo Octávio, por enquanto, está aguardando os desdobramentos da crise. Limitou-se a desvincular seu nome dos escândalos e de Marcelo Carvalho, diretor da empreiteira que possui. Mesmo sendo citado em diversos diálogos gravados pelo delator do esquema, o ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, Paulo Octávio(1) continuará sustentando que nunca deu a Carvalho ordem para negociar em seu nome. O diretor também nega qualquer envolvimento no suposto esquema. A articulação do DEM para mantê-lo no governo precisará do apoio de deputados distritais para dar certo. Isso porque, dos oito pedidos de impeachment já protocolados na Câmara Legislativa, sete pedem o afastamento de Arruda e também o de Paulo Octávio. Apenas um, protocolado por um advogado do Gama, tem foco apenas no governador. Os pedidos de perda de mandato que foram feitos mirando nos dois homens que comandam o governo enfrentam outro problema: podem ser alvo de questionamento jurídico. A Constituição não prevê um impeachment duplo, mas a Lei Orgânica do DF, sim. No entanto, se a Câmara Legislativa quiser, pode corroborar a estratégia do Democratas, dissociando o julgamento de Arruda do de Paulo Octávio. "Há uma grande diferença entre o que é pedido no processo e o que é aceito pelo relator que levará o caso ao plenário. Ele pode entender que há argumentos para o impeachment de um e não do outro", explicou um distrital. Estratégias A estratégia do Democratas permeia as articulações feitas dentro do Legislativo local. Embora não haja movimento no plenário, os distritais não deixaram de se reunir um só dia desde que estourou a crise no governo. Eles estudam a reorganização das forças políticas na Câmara Legislativa. Arruda perdeu cinco partidos na base aliada, e pelo menos oito distritais também são alvos de investigação. Entre os vários cenários traçados, a manutenção do vice-governador no comando do GDF amenizaria vários problemas. Entre eles estaria o fato de o DEM conseguir manter uma ampla base aliada na Câmara Legislativa, permitindo que o governo continuasse a funcionar, incluindo a conclusão das 2 mil obras que estão em andamento. Enquanto Arruda cobra apoio dos parlamentares que estavam ao seu lado desde o início do mandato, em 2007, Paulo Octávio aguarda a definição do DEM, que na próxima quinta-feira decide se expulsa ou não o governador Arruda de seus quadros. O que o DEM ainda não decidiu é como serão montados os palanques em 2010. Por enquanto, o partido está reticente em lançar candidatura própria no DF, acreditando que o desgaste promovido pela operação Caixa de Pandora seja mais do que suficiente para extinguir as chances de Arruda e de Paulo Octávio disputarem um cargo majoritário. No entanto, o governador Arruda sustenta que será candidato à reeleição. Em entrevista publicada na última quarta-feira pelo Correio, ele afirmou sua intenção de enfrentar nas urnas Joaquim Roriz, a quem atribui a articulação de todo esse escândalo. 1 - Desvios de R$ 432 milhões Presidente da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) de 1999 a 2006, Durval Barbosa responde a mais de 30 processos na Justiça. Juntas, as ações abertas contra ele no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e as movidas pela Corregedoria-Geral do DF reclamam R$ 432 milhões, que teriam sido desviados a partir de cargos estratégicos ocupados por Durval.

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