Cidades

827 guardadores já têm colete

Até a última sexta-feira, 10% do total de flanelinhas do DF tinham conseguido se enquadrar na legislação

Rodolfo Borges
postado em 25/01/2010 08:28
Até a última sexta-feira, 827 flanelinhas tinham regularizado sua situação e recebido o colete do Sindicato de Guardadores e Lavadores de Veículos do Distrito Federal (Sindglav). O número representa 10% da quantidade estimada de trabalhadores do segmento no DF, mas o presidente do Sindglav avalia como bom o resultado para os primeiros cinco meses de cadastro. ;Considerando que ainda tem motorista entregando a chave para guardadores não cadastrados e que mesmo os guardadores ainda não botaram muita fé no projeto, o número é razoável;, analisa Valdivino Diogo da Silva.

Francisco Clauber exibe sua Carteira de Trabalho: ele entregou toda a documentação e, agora, espera pelo coleteFormado pela nona turma do curso oferecido pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest) do DF, o guardador Cláudio Francisco da Conceição, 33 anos, se prepara para compor a primeira turma do curso de biolavagem oferecido pelo Sindglav. Na próxima quinta-feira, uma turma de 100 lavadores vai receber kits com capacidade para lavar 180 carros sem precisar de água e aprender a utilizá-los. ;Estamos tentando conseguir o segundo kit com o governo;, avisa Valdivino. O curso passa a ocorrer uma vez por mês, assim como aquele realizado para qualificar os guardadores.

;Trabalho há cinco anos na 714 Norte, mas também faço bicos como eletricista. Espero conseguir juntar dinheiro para comprar minhas próprias ferramentas e abrir um negócio;, conta Cláudio, que frequentou um curso de eletrônica graças ao auxílio de um engenheiro que gostou de seu trabalho. Na última sexta-feira, o guardador Francisco Clauber, 25 anos, finalizou os procedimentos para a regularização. Nesta semana, o flanelinha deve receber sua permissão de serviço ; o colete com seu número de registro e um boné indicador da regularização.

Entre as oportunidades de treinamento para os flanelinhas regularizados está a lavagem de veículos a seco: nesta semana, 100 deles receberão kitsFiscalização
De acordo com o secretário da Ordem Pública do DF, Roberto Giffoni, as autoridades da cidade têm feito fiscalizações periódicas para evitar que pessoas não cadastradas continuem a vigiar ou lavar carros. Na última sexta-feira, uma operação conjunta das Polícias Civil e Militar e Secretaria da Ordem Pública resultou na prisão de um homem, que era alvo de um mandado judicial, e na apreensão de dois menores procurados pela polícia. Dos 27 falsos flanelinhas abordados durante a operação no Setor Comercial Sul (SCS), cinco eram adolescentes.

Com um dos grupos do SCS, a polícia encontrou pedras de crack (subproduto de cocaína) jogadas ao chão, mas segundo o delegado Fernando Fernandes, chefe do posto policial da área central de Brasilia, não foi possível ligar os falsos flanelinhas à droga apreendida. ;Fazemos esse tipo de operação toda semana na área central. Há muita reclamação de quem frequenta os estacionamentos;, conta o delegado. Na última quinta-feira, o foco da fiscalização foi o Setor de Diversões Norte, onde fica o Conjunto Nacional. ;Abordamos 39 pessoas. Dois menores foram apreendidos e um maior, preso;, lembra Fernandes.

De acordo com o delegado, graças às investidas constantes da polícia, a incidência de traficantes entre os guardadores vem diminuindo. ;Há duas semanas, realizamos mais prisões no Setor Bancário Sul e desmontamos uma quadrilha de sete pessoas que atuava no Conic. Na ocasião, apreendemos mais de 40 pedras de crack;, conta Fernando Fernandes.

[SAIBAMAIS]Rendimentos
A área central de Brasília é a mais disputada pelos guardadores e pelos lavadores, por causa da maior circulação de carros. Um levantamento informal feito a partir de depoimentos dos flanelinhas indica que é possível ganhar em torno de R$ 500 a R$ 700 por mês no DF com esse serviço, dependendo do local de trabalho.

Os maiores valores são atingidos nos setores Comercial, Bancário e de Diversões de Brasília. Mas essas também são as áreas mais frequentadas pelos traficantes e pelos usuários de drogas, principalmente o crack, que também incomodam os flanelinhas. ;Outro dia teve traficante esfaqueando cliente aqui no estacionamento;, reclama um guardador que se identifica apenas como Carlos e trabalha no Setor Comercial Sul desde 1983.

Treinamento
No curso, os guardadores de carro aprendem noções de trânsito e abordam temas ligados às relações humanas. A instrução exige apenas um dia (tem duração de oito horas) e é gratuita.

Fique atento
Informe-se
Quem estiver interessado em regularizar a situação, obter mais informações ou quiser contribuir
com o Sindglav pode ligar no número 3034-8166 ; de acordo com o presidente do sindicato, os coletes podem servir como espaço para anúncio.

Denuncie
Quem se sentir ameaçado ou coagido por um flanelinha deve ligar para a Ouvidoria do GDF, no número 156, e fazer a denúncia.

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