Cidades

Nove jovens e um sonho

Concurso promovido por um shopping da cidade realiza hoje à noite o desfile a partir do qual serão definidas as três primeiras vencedoras e a que ganhará o título de Miss Simpatia

postado em 30/01/2010 08:16
A beleza da cinquentona Brasília será celebrada hoje em um concurso. As estrelas que vão representar essa beleza, porém, não são os monumentos desenhados por Oscar Niemeyer nem o urbanismo de Lucio Costa. A beleza que vai brilhar hoje é a de nove filhas da cidade que já desbancaram mais de 70 outras candidatas e disputam hoje a final do concurso Miss Brasília 50 Anos, promovido pelo Boulevard Shopping. Elas vão desfilar para os jurados e para quem mais quiser ver, a partir das 19h, na Praça Gourmet do centro comercial, que fica no fim da Asa Norte. A primeira colocada ganhará, além do título de miss, um prêmio em dinheiro e vários presentes. Todas as participantes estão ganhando, na verdade, um grande presente para o ego. Quase não há modelos profissionais entre as concorrentes, e a maioria das inscritas está fascinada pelo glamour que cerca um evento como esse. A maioria das candidatas não tem vivência em passarela, emoção é participarA servidora pública Fernanda Espindola Leal, que, aos 24 anos, é a mais velha da turma, se inscreveu no concurso em busca desse glamour. "Eu amo meu emprego e estou feliz nele. Não tenho ambições de uma carreira de modelo, mas me inscrevi porque já estou em uma idade-limite e sempre busquei para mim essa imagem linda, glamurosa, que tanto combina com um concurso de miss", discursa ela, em entrevista ao Correio. "Passar pela eliminatória e viver essa atmosfera já está sendo um sonho", completa ela, mostrando um belo sorriso. Já a caçula das nove, Geovanna Pinheiro, 18, está competindo por aquilo que acredita ser seu destino. "Eu amo esse mundo. Só penso em ser modelo. Simplesmente adoro ser fotografada", garante ela, que confessa, porém, ser tímida. "É mais um desafio que tenho, mas vou superá-lo", decreta, com a voz decidida. Os flashes, a arte em forma de cabelo e maquiagem e os compromissos como testes de figurino são novidades para meninas como a estudante de psicologia Thais Pimentel Chaves, 20. Ela tremeu na hora de enfrentar os juízes na eliminatória realizada no último domingo. "Fiquei tensa, principalmente na hora de desfilar de biquíni", conta. "Tenho vergonha, mas estou até gostando dessa atenção toda", admite. "Agora, quero ver o que vou fazer para dormir hoje (ontem)", brinca. A também universitária Renata Gasparino, 22, que estuda direito, chegou a pensar em desfilar quando mais nova, porém não teve coragem. "Mas minha mãe e minhas amigas sempre incentivaram tanto que eu resolvi tentar alguma coisa", diz. Não é difícil imaginar o porquê da insistência. Mas Renata está nervosa. "Eu fico meio sem saber o que fazer. Não sei o que os juízes esperam. Confesso que não estou muito confortável ainda", afirma, com ar preocupado. Experiência Entre as concorrentes, porém, há meninas com experiência de passarela e fotografia. Viviane Alves dos Reis, 21, por exemplo, já trabalha como modelo há dois anos. "Estou apostando muito em concursos de beleza ultimamente", conta a menina alta e esguia de belos cabelos longos. "Nos últimos meses, fiquei em segundo lugar no Miss Ascade e em terceiro no Miss SIA", relata. "Mas este concurso aqui, de longe, é o mais organizado de que já participei. Tudo isso mexe muito com o psicológico das meninas. Muitas nunca desfilaram. E aqui estão dando todo um apoio", elogia. O objetivo de organização do concurso foi encontrar meninas com uma "beleza brasiliense" de acordo com a gerente de marketing do Boulevard Shopping, Karine Câmara. "Brasília já tem uma beleza própria, que é fruto da miscigenação de pessoas que vieram de todas as partes do país. Já há uma marca da cidade", avalia ela. "E essas meninas simbolizam muito bem essa beleza", aponta. "Vamos destacar isso com um cabelo e uma maquiagem que valorize a beleza individual. Quem tem cabelo cacheado, por exemplo, vai ter isso valorizado", avisa o maquiador e cabeleireiro Rodrigo Naves de Oliveira, que vai cuidar das meninas hoje o dia todo. Uma das candidatas, a morena Taynah Reis, 21, assegura que não entrou no concurso por vaidade, mas por uma causa nobre. Envolvida desde a adolescência com uma organização não governamental (ONG) criada pelo pai, ela quer atrair interessados em ajudar os mais carentes. "O trabalho me dá evidência e ajuda na causa em que eu acredito. Eu vejo o concurso como uma maneira de usar a minha beleza para ajudar os outros", discursa. Andrea Edwards, 19 anos, quer empregar a experiência para dar uma força na carreira de modelo. "Eu sempre busquei o meu lugar, mas, nos últimos anos, morei em Unaí (MG), e lá não tem mercado", avalia. Já Manuela Alencar, 19, que tentou ser modelo na adolescência, confessa que entrou por acaso no concurso. "Eu larguei a carreira para estudar. Agora, vou começar o curso de nutrição", revela. "Mas minha mãe me inscreveu aqui sem eu saber. Eu vim e fiquei feliz de passar pela eliminatória. Sei que será difícil , porque todas as meninas são lindas, mas também quero ganhar", conclui. Premiação A primeira colocada receberá um prêmio de R$ 2,5 mil, um curso em uma das maiores agências de modelo da capital e um kit com produtos de lojas do Boulevard Shopping. Classificadas em segundo e em terceiro lugares e a Miss Simpatia vão ganhar a matrícula no curso de passarela. ONG O Instituto Novas Fronteiras da Cooperação (INFC) aposta na qualificação profissional de jovens de baixa renda como ferramenta de melhora de vida. Atualmente, a ONG, com o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia e empresas privadas, está implantando lan houses comunitárias em cidades goianas do Entorno do DF. "Eu ensino a montar e fazer manutenção do computador", conta a modelo Taynah Reis.

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