Cidades

Dengue leva brasilienses às emergências

Com sintomas da doença, como febre e dores no corpo, pacientes buscam atendimento e lotam hospitais públicos

Juliana Boechat
postado em 21/02/2010 08:24
Com a epidemia de dengue que tomou conta do Distrito Federal nos últimos dois meses, a busca por consultas médicas nos hospitais públicos está cada vez maior. Pessoas com febre, dores no corpo e mal-estar se escoram nos bancos e nas paredes dos postos de saúde à espera de atendimento. A maioria não sabe se está com dengue(1). Por via das dúvidas, todas preferem ir ao médico conferir o estado de saúde. No Hospital Regional do Paranoá (HRP), por exemplo, foram feitos 234 atendimentos de casos suspeitos em janeiro e no início de fevereiro deste ano. Desses, 70 ainda não foram examinados; 58 esperam data para exame; e 39 aguardam resultado da análise laboratorial. O centro de saúde recebe, além dos moradores do Paranoá, a comunidade de Itapoã, na qual foram confirmados 58 casos da doença, perdendo apenas para a Vila Planalto, com 106 (veja quadro).

Raice, com sintomas da doença, buscou ajuda no Hospital do Paranoá. %u201CJá tive dengue há um tempo%u201D, disse elaOs números de dengue identificados na semana passada pela Secretaria de Saúde são alarmantes. Entre janeiro e fevereiro do ano passado, 60 casos da doença foram confirmados. Até o momento, as estatísticas de 2010 contabilizam 390 casos, o que representa um aumento de 465% em relação ao mesmo período de 2009. Segundo a secretaria, esta é a maior epidemia de dengue nos últimos oito anos na região. As transmissões ocorridas dentro do DF também preocupam. Nos dois primeiros meses do ano passado, foram 25 ocorrências. Neste ano, já são 294 ; o que representa um aumento de 848%. Os casos de pessoas infectadas em outros estados pularam de 35 para 96 no mesmo intervalo deste ano.

A noite de sexta-feira foi movimentada no Hospital do Paranoá. Pacientes esperaram até duas horas por atendimento. Na manhã do sábado, as filas continuaram. A moradora da área rural do Paranoá Maria Divina da Silva, 36 anos, chegou ao local às 7h para colocar o nome na lista de espera e, por volta de 12h30, ainda não havia sido atendida. Há duas semanas, ela apresentava dor de cabeça, fraqueza, tontura e diarreia. ;Ontem, fiquei de cama o dia todo, chorando de tanta dor que eu sentia. Mas decidi vir ao hospital na marra. Preciso saber o que é;, contou. Segundo Maria, não houve casos de dengue confirmados na região onde mora. Ainda assim, preferiu não correr o risco. ;Lá na minha casa é cheio de mosquito. Não sei qual é o da dengue e qual não é. Posso ter sido contaminada, né?;, suspeita.

A preocupação com a doença ronda a casa dos moradores de São Sebastião, um dos maiores pontos de proliferação da dengue no DF, com 30 casos confirmados até agora. A garçonete Raice Gabriela Rodrigues da Silva, 21 anos, estava encolhida no banco da emergência do Hospital Regional de São Sebastião com sintomas da doença: febre, dor no corpo e muita dor de cabeça. Ela estava mal há dois dias, mas preferiu não tomar medicamentos por não saber se está ou não com dengue. ;Já tive dengue há um tempo e agora são os mesmos sintomas;, explicou.

Idelmira José da Silva no Hospital Regional de São SebastiãoO marido de Idalmira Beatriz José da Silva, 44 anos, está de repouso, em casa, com dengue confirmada há oito dias. Volta e meia ele vai até o hospital tomar soro para se hidratar. ;No início, achamos que era gripe. Mas quando viemos aqui, descobrimos que eradengue;, contou. Idalmira acredita que a doença tenha sido contraída em um condomínio próximo ao Jardim Botânico, onde o marido trabalha. ;Lá em casa não foi. Eu tomo muito cuidado: não deixo água parada e não tenho plantas em casa. Vou conversar com os vizinhos para saber se eles fazem o mesmo e aproveitar para conscientizar;, garantiu.

Para evitar novos casos de dengue no DF, o secretário de Saúde, Joaquim Barros, organizou uma força-tarefa com a participação de todos os funcionários que tenham envolvimento direto ou indireto com a doença. Eles serão treinados para multiplicar informações que ajudem a população a se proteger. O Exército brasileiro também vai ceder 200 homens para dar suporte ao trabalho educativo de porta em porta. E ainda técnicos da Vigilância Sanitária farão visitas nas regiões onde há maior concentração dos casos, como na Vila Planalto e no Itapoã.

1 - Transmissão
O mosquito transmissor da dengue é o Aedes aegypti. Quando o foco de proliferação é encontrado, o tratamento é localizado na área de risco em um raio de 300 metros. Nesses casos, os técnicos eliminam as larvas com produto o químico Tamefós e, para acabar com os mosquitos, aplicam um tipo de fumacê.

[SAIBAMAIS]Ranking
Cidades com o maior número de casos
Paranoá - 16
Samambaia - 19
Planaltina - 29
São Sebastião - 30
Itapoã - 58
Vila Planalto - 106

Como evitar
# Não deixar água em nenhum local.
# Manter terrenos baldios limpos.
# Manter os vasilhames de plantas limpos e colocar areia na água.
# Fazer limpeza e evitar acúmulo de água em calhas e lajes.
# Manter caixas d;água e reservatórios sempre bem fechados.
# Guardar garrafas com o gargalo voltado para baixo.
# Livrar-se de todo o material inútil.
# Não deixar sacos de lixo abertos.

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