Cidades

Distritais unidos em defesa da autonomia

postado em 24/02/2010 08:36

Em meio à crise institucional da Câmara Legislativa, o único ponto de convergência entre deputados governistas e oposicionistas é a torcida contra a intervenção federal pedida pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Nenhum dos distritais apoia a tese do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, de que a linha sucessória prevista na Lei Orgânica do Distrito Federal está contaminada. Depois da renúncia de Paulo Octávio (sem partido), os parlamentares voltaram a afirmar que não há necessidade de o Supremo Tribunal Federal (STF) adotar a medida drástica, chamada também de ;golpe;, e que hoje deputados da Casa devem focar na busca de soluções para estancar a crise.

Leitura da carta de renúncia de Paulo Octávio por Cabo Patrício, o novo presidente da Câmara: segundo o distrital, o Legislativo tem de acabar com a crise para evitar a intervençãoO distrital Raimundo Ribeiro (PSDB) mostrou boa vontade para construir uma sustentação política para o novo governador interino do DF, Wilson Lima (PR).O tucano disse que seu partido é contrário à intervenção no DF: ;Estamos preocupados com a possibilidade do golpe que alguns querem dar contra Brasília;, afirmou. ;Wilson merece, no mínimo, o crédito de confiança necessário para desenvolver seu trabalho;, disse aimundo Ribeiro.

Para Paulo Tadeu (PT), as decisões tomadas na Câmara Legislativa podem ser fundamentais para afastar a hipótese de uma intervenção federal. ;A melhor saída contra a intervenção são as respostas efetivas do Legislativo em relação ao escândalo (o suposto esquema de corrupção revelado pela Operação Caixa de Pandora), como dar prosseguimento às investigações e punir os responsáveis;, afirmou o petista. O colega de partido e atual presidente da Casa, Cabo Patrício, compartilha da mesma opinião: ;A Câmara tem que acabar com a crise. Nós trabalharemos para que não haja a intervenção;.

O procurador-geral da República esclareceu na última segunda-feira que o pedido de intervenção federal se estenderia ao Legislativo local, além do Executivo. Ontem, Roberto Gurgel disse que a renúncia de Paulo Octávio é um indício da falência das instituições no DF e que não há outra solução senão a intervenção. ;A crise, infelizmente, continua. E infelizmente o Ministério Público continua convencido de que não há alternativa outra que a intervenção;, afirmou.

Ombros
Apesar de ter lamentado a renúncia de Paulo Octávio e a desfiliação dele do Democratas, Eliana Pedrosa (DEM) assegurou que Wilson Lima tem condições institucionais para assumir o GDF porque há ;uma linha sucessória clara;. ;Ele (Paulo Octávio) teve coragem de deixar um dos postos mais importantes da cidade. Temos que começar uma nova história para deixar o fantasma da intervenção cada vez mais distante. A governabilidade, agora, está nos nossos ombros;, alertou.

A deputada rechaçou as declarações do ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, que classificou como grave a crise provocada pelas denúncias de corrupção do DF e criticou a atuação da Câmara Legislativa diante disso. ;É triste que a Justiça disse que só agora, a toque de caixa, a Câmara está trabalhando. É lamentável e desastrosa a declaração do ministro da Justiça;, afirmou Eliana.

O ministro da Justiça declarou que as manobras casuísticas adotadas pela Câmara não adiantariam para impedir uma intervenção federal. ;Soluções mágicas adotadas a toque de caixa pelo Legislativo local, como a cassação de três ou quatro deputados, não adiantarão de nada.;

Eliana Pedrosa pediu que a Câmara faça um comunicado ao ministro para o que ela qualifica de ;fala irresponsável;. ;Merecemos respeito;, cobrou a deputada, ao lembrar que o Legislativo local segue todo o ordenamento jurídico.


Análise da notícia

Além dos partidos
A crise que se abateu sobre o Distrito Federal nos últimos três meses levou à prisão do governador e à renúncia de seu vice. O Palácio do Buriti agora será comandado pelo deputado Wilson Lima, que ocupava a presidência da Câmara Legislativa, mas os rumos políticos e institucionais da capital da República devem ser responsabilidade de toda a classe política. Acima de qualquer diferença partidária ou pessoal, é hora de as lideranças políticas se unirem para afastar o fantasma da intervenção federal.

Além de significar um desrespeito à autonomia do DF, a intervenção representaria uma queima de etapas. Isso porque não pesa sobre o novo governador em exercício, Wilson Lima, qualquer tipo de acusação ligada às denúncias da Operação Caixa de Pandora, o que legitima sua condição para, neste momento delicado de turbulência, conduzir o governo daqui para a frente.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação