Cidades

Empresária confirma propina, mas inocenta ex-secretário Augusto Carvalho

Em depoimento, diretora da Unirepro diz que inventou a história de que pagava suborno a Augusto Carvalho para se livrar dos achaques de Durval

Helena Mader
postado em 30/03/2010 08:15

Depois de ser filmada entregando dinheiro ao ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, a empresária Nerci Soares Bussanra admitiu à Polícia Federal que pagava propinas a integrantes do Governo do Distrito Federal. Em depoimento prestado em 27 de janeiro deste ano, ela reconheceu ter entregue R$ 152 mil a Durval, mas a diretora comercial da Unirepro inocentou o deputado federal Augusto Carvalho, ex-secretário de Saúde. Segundo Nerci, ela teria dito que pagava propina a Augusto apenas para fugir dos achaques do ex-secretário de Relações Institucionais. Admitiu ainda que nunca encontrou com o deputado federal. Augusto Carvalho processou Nerci e Durval na Justiça por conta das declarações.

Nerci Soares prestou depoimento à Polícia Federal em 27 de janeiro e reconheceu ter entregue R$ 152 mil a Durval: De acordo com o depoimento, o GDF teria contratado a Unirepro em 2006 para estruturar a área de informática da Secretaria de Saúde, que, segundo a empresária, era bastante ;precária;. O contrato de R$ 800 mil foi renovado no fim de 2007, com repasses mensais de R$ 1,3 milhão. De acordo com Nerci, no primeiro contrato, houve um atraso de cinco meses nos pagamentos. No acordo seguinte, o governo teria suspendido os repasses de julho de 2009 a janeiro deste ano.

Diante das reclamações da empresa pelo congelamento de recursos, representantes da Secretaria de Saúde orientaram Nerci a procurar Durval Barbosa e, em 2008, ela foi até o gabinete do ex-secretário de Relações Institucionais. No primeiro encontro, a empresária conta que achou Durval uma ;pessoa séria e objetiva;. Mas, logo depois, ele disse a Nerci que os atrasos estariam ocorrendo pelo fato de a Unirepro não ter se ;adequado; aos sistema de trabalho da área de informática do GDF.

Segundo a diretora da Unirepro, o delator do suposto esquema de corrupção teria dito a Nerci que ;a empresa deveria pagar 10% do valor de contrato; e que ele era o responsável por toda a área de informática do governo local. A Unirepro não pagou a propina, mas ficou sem os repasses dos pagamentos devidos. Diante da inadimplência do governo, a empresa ameaçou desligar todos os equipamentos de informática instalados na rede de saúde. Com isso, o GDF pagou o valor devido no fim de 2008. Mas no ano seguinte, Nerci contou que os pagamentos voltaram a sofrer atrasos.

Ainda de acordo com a empresária, ela resolveu pagar o valor cobrado por Durval para regularizar a situação financeira da representação da Unirepro em Brasília. Para isso, abriu mão de parte de sua comissão para pagar a propina exigida. O dinheiro foi entregue no gabinete do ex-secretário de Relações Institucionais em notas de R$ 20 e R$ 100. De acordo com o depoimento, a empresa continuou sem receber os pagamentos, mesmo depois da entrega do valor exigido por Durval Barbosa.

Câmera escondida
Nerci Soares afirma que se encontrou com o relator do esquema apenas uma vez, justamente na ocasião em que foi flagrada pela câmera escondida do ex-secretário. Durval perguntou à empresária se ela fazia algum pagamento ao então secretário de Saúde, Augusto Carvalho, e ao ex-subsecretário de Saúde Fernando Antunes. Perguntada sobre o assunto no depoimento prestado à Polícia Federal, ;a declarante respondeu que sim, imaginando que dessa forma se livraria de ser extorquida por Durval;.

Nerci disse ainda durante o interrogatório que ;criou essa história; para tentar escapar da cobrança de propina. ;Em relação ao comentário no vídeo de que Augusto Carvalho teria pedido dinheiro para ajudar uma pessoa de nome ;Freire;, a declarante esclarece que também inventou tal situação, tentando se livrar da pressão de Durval;, diz outro trecho do interrogatório. O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, também entrou com processo contra a empresária logo depois da divulgação do vídeo em que Nerci Soares aparece conversando com Durval Barbosa.

O deputado federal Augusto Carvalho acredita que o depoimento da diretora da Unirepro é uma ;comprovação de sua inocência;. Ainda assim, ele conta que vai manter o processo judicial contra Nerci e contra o ex-secretário de Relações Institucionais. ;Ela inventou tudo aquilo para fugir de achaques. Meu nome e minha honra acabaram manchados por causa desse vídeo;, reclama o deputado. ;Fui uma vítima dessa farsa. Mas eu e meus advogados vamos continuar a buscar uma reparação na Justiça;, conclui Augusto.

Em depoimento, diretora da Unirepro diz que inventou a história de que pagava suborno a Augusto Carvalho para se livrar dos achaques de Durval

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