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CEB lucra, apagões ficam

Balanço da empresa confirma que acionistas dividirão R$ 9,2 milhões do saldo positivo em 2009, mas diretores admitem que cortes de energia continuarão

postado em 27/04/2010 08:37
A holding Companhia Energética de Brasília (CEB), composta por oito empresas, fechou 2009 com lucro de R$ 39 milhões. Foi o primeiro superavit desde 2006. O balanço comercial, divulgado ontem, prevê para este ano investimentos de R$ 75 milhões na modernização e construção de subestações e linhas de energia, valor inferior ao de 2009, que somou R$ 97,7 milhões. Até 2012, a companhia planeja aplicar mais R$ 400 milhões na infraestrutura de distribuição e resolver os problemas de fornecimentos que irritam a população.

Balanço da empresa confirma que acionistas dividirão R$ 9,2 milhões do saldo positivo em 2009, mas diretores admitem que cortes de energia continuarãoO saldo positivo da holding quebrou um jejum de nove anos de partilha de lucros entre os acionistas da empresa mista. Como determinado pela Lei n; 6.404, que rege as sociedades anônimas, os donos da CEB receberão R$ 9,2 milhões de dividendos, equivalentes a 25% do lucro total obtido no ano passado ; conforme o Correio antecipou ontem. O Governo do Distrito Federal abocanha a maior parte do valor, uma vez que é dono de 70% dos papéis da CEB. Os outros R$ 3 milhões serão repartidos entre acionistas da iniciativa privada.

A CEB afirma que as contas da companhia só saíram do vermelho ; em 2006, a dívida chegou a R$ 197 milhões ; porque houve mudança na gestão e alienação de patrimônio inutilizado. ;A partir de 2007, houve reversão no quadro financeiro. O resultado da sequência desse trabalho está permitindo a distribuição dos dividendos por parte da holding;, explica o diretor de relações com investidores, Fernando Fonseca.

Além dos financiamentos de bancos estatais, o grupo vendeu imóveis ociosos para capitalizar as empresas. Em 2007, um terreno no Setor de Autarquias Norte foi vendido para a Terracap; em 2008, a Eletronorte comprou o prédio da antiga sede, na 904 Sul, totalizando R$ 89 milhões. A venda de quatro terrenos em Águas Claras rendeu mais R$16 milhões aos cofres da CEB ano passado. A expectativa é que o terreno do Setor Noroeste seja arrematado em licitação por R$ 247 milhões.

Prioridade
Os proventos deverão ser aplicados na melhoria da distribuição de energia. Em 2006, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) entendeu que a CEB investiu de forma desproporcional na geração de energia, superando em R$ 142 milhões o gasto destinado a melhorias na distribuição. A Aneel determinou a suspensão dos investimentos em geração e a aplicação dos recursos na revitalização do sistema de linhas de transmissão e subestações, responsável pela chegada da eletricidade às 830 mil unidades consumidoras do DF. Em janeiro, foram inauguradas as subestações do Mangueiral, em São Sebastião, e do Vale do Amanhecer, em Planaltina.

Carlos Leal, diretor de comercialização da CEB, admitiu que a estrutura da capital está obsoleta e não suporta o crescimento exponencial do consumo. ;O sistema está vulnerável em relação à capacidade necessária para suprir a demanda. Temos obras prioritárias de subestações e linhas de transmissão para construir caminhos alternativos de suprimento para restabelecer a energia;, afirmou. Segundo ele, estão em andamento 35 obras emergenciais, incluindo três subestações (Riacho Fundo, Setor Hípico e Samambaia). Leal garante que melhorias já podem ser observadas, mas que a qualidade ideal só deve ser palpável em 2012.

Quanto às ameaças de novos apagões, Leal argumentou que em dias de chuvas intensas ;é inevitável haver algum desligamento;, mas que a CEB está trabalhando para ;dotar o sistema para que os desligamentos tenham a mínima duração possível;. O descumprimento de metas de qualidade já fez com que a CEB recebesse 17 multas da Aneel entre 2002 e 2009, totalizando R$ 42,1 milhões. A holding recorreu de todas elas.

"O sistema está vulnerável em relação à capacidade necessária para suprir a demanda"
Carlos Leal, diretor de comercialização da CEB

Diretor de relações com investidores, Fernando Fonseca diz que a CEB saiu do vermelho por mudança na gestão

Para saber mais
Divisão forçada
Até 2006, a CEB centralizava em uma empresa todos os serviços que oferece. Por determinação da Aneel, órgão regulador de energia elétrica, a empresa foi desmembrada em oito empresas controladas por um centro financeiro, a CEB Holding. Compõem o grupo: CEB Distribuidora, CEB Geradora, CEB Participações, CEB Gás, CEB Lajeado, BSB Energética, Corumbá Concessões e Energética Corumbá III. A Distribuidora é a principal fonte capitalizadora. A holding concentra o lucro e vem dela a partilha de dividendos entre os acionistas. (AS)

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