Cidades

Projeto permitirá à Caesb recolher o óleo de cozinha usado nas residências

GDF estuda a troca de benefícios para quem colaborar

Juliana Boechat
postado em 29/05/2010 07:30

Reciclar o óleo de cozinha na capital federal ficará ainda mais fácil. Na manhã de ontem, o governador do DF, Rogério Rosso, assinou um decreto em parceria com os presidentes da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), Fernando Leite, e do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Gustavo Souto Maior, para regulamentar o Programa Recóleo. Como a coleta seletiva de lixo, caminhões da Caesb e do Governo do Distrito Federal recolherão a matéria prima usada nas cozinhas de Brasília. Considerado um dos maiores vilões do meio ambiente, o óleo vegetal pode se transformar em materiais úteis no dia a dia, como detergente, sabão e até mesmo xampu, ou ainda virar fonte de renda para famílias carentes. Para o processo ser bem-sucedido, a população deve colaborar e deixar no passado o hábito de jogar a gordura na pia da cozinha.

O Recóleo tem como base o Projeto Biguá(1), desenvolvido pela Caesb desde 2007. À época, o órgão disponibilizou quatro pontos de coleta no Lago Norte. Qualquer quantidade de óleo de cozinha usado poderia ser depositada ali. A matéria-prima chegava, então, às mãos de cooperativas e associações de moradoras do Varjão. As mulheres capacitadas transformavam a gordura em detergente e sabão. Muitas delas ainda incrementavam o trabalho com aromas de flores e do cerrado. A venda desses produtos em feiras artesanais rendia um dinheiro extra no fim do mês. ;O que era um projeto pequeno se transformou em programa de governo. Queremos que todo o óleo de cozinha seja recolhido e que o trabalho seja integrado e maciço. Assim ganharemos com o meio ambiente e a sociedade;, acredita Leite.

Durante a cerimônia realizada ontem na residência oficial do governador, em Águas Claras, a Caesb apresentou os veículos utilizados no recolhimento do óleo nas superquadras residenciais. Cada caminhão comporta, na caçamba, 60 bombonas ; um tipo de galão com a logomarca do programa. Ao longo dos próximos meses, uma equipe definirá como será o esquema de trabalho no DF. Convênios com algumas instituições possibilitarão a capacitação das mulheres para transformar o óleo em sabão. E o governo estuda ainda a troca de benefícios com a população: quem colaborar com o programa de forma efetiva poderá ter o retorno em descontos em tarifas como a conta de água, por exemplo.

Rogério Rosso acredita que o Programa Recóleo faz parte de um desafio sustentável que o Distrito Federal enfrentará nos próximos anos. ;Este é o primeiro passo de uma caminhada importante. Brasília tem a melhor qualidade de vida do Brasil e constatamos o menor índice de desemprego da história. Mas ainda temos muito para melhorar;, disse o governador. Segundo ele, a troca de benefícios do governo com a população formará um ;ciclo virtuoso;. ;Temos que nos preocupar dia a dia com o futuro;, defendeu o governador.

Segundo o presidente da Caesb, o óleo de cozinha compromete o sistema de coleta e tratamento do esgoto no DF em até 40%. ;Se não cuidarmos do meio ambiente, deixaremos uma herança muito ruim para nossos filhos e netos;, afirmou. Uma pessoa produz por mês cerca de 1,5 litro de óleo. Quase 12 milhões de litros de óleo são despejados todos os anos na rede de esgoto do Distrito Federal. A quantidade polui 240 trilhões de litros de água, o que corresponde a 428 Lagos Paranoás. Para o futuro, o Governo do Distrito Federal ainda espera abastecer a frota de veículos oficiais com o biodiesel produzido a partir do óleo vegetal (veja arte). ;A questão ambiental é a formatação de uma gestão moderna. É uma belíssima iniciativa do governo;, defendeu o presidente do Ibram, Gustavo Souto Maior.

1 - Água Limpa
O projeto foi batizado com o nome de um pássaro comum na região do México à América do Sul. Esse animal é conhecido por gostar de água limpa. E, segundo o presidente da Caesb, Fernando Leite, a água limpa no Distrito Federal é o grande objetivo do projeto. Um litro de óleo vegetal contamina um milhão de litros de água.

GDF estuda a troca de benefícios para quem colaborar

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